Saturday, October 14, 2006

The Gift :: Film ...Concerto Coliseu

Simply The Gift

Se The Film Tour fosse apresentado nos EUA os The Gift eram nomeados para melhor banda Sonora, mas como não foram, nós cá damo-lhes o Oscar na mesma.
Na 6ª Feira, dia 15 de Fevereiro, foi apresentado ao publico, no Coliseu dos Recreios em Lisboa, o resultado da aventura de Nuno Gonçalves e de Miguel Ribeiro que começou em 1994 em Alcobaça.
Ao longo dos anos o projecto, que começou por se chamar Dead Souls, com influencias de Portishead, Massive Attack e Björk, transformou-se com a entrada de Sónia Tavares, que traz uma lufada de ar fresco ao grupo. Em Setembro de 1994 os The Gift, eram formados por Sónia Tavares, Nuno Gonçalves, Miguel Ribeiro e Ricardo Braga (com 17, 16, 18 e 21 anos, respectivamente), concorrem ao concurso de música moderna organizado pelo Bar Ben, em Alcobaça.
Na final, os The Gift ficariam em segundo lugar atrás de uma banda de trash-metal.
Mais tarde os The Gift são convidados para ir tocar ao Porto no bar Labirintho, a partir daí surge o projecto “Digital Atmosphere” (pouco ou nada conhecido do publico em geral). Este projecto nasce com o incentivo de José Carlos Tinoco, dono do referido bar.
“Digital Atmosphere”, que incluía uma faixa multimédia, foi concebido, realizado, produzido e digitalizado (e principalmente financiado) pela própria banda, tendo sido gravado em casa não foi distribuído nem teve o apoio de nenhuma editora.
Por outro lado, a reacção da crítica musical foi bastante positiva, cedo se apercebendo do potencial do grupo, mesmo assim os The Gift fazem-se á estrada com a “Digital Atmosphere Tour” e percorreram trinta auditórios nacionais com especial destaque para o concerto dado no Pequeno Auditório do Centro Cultural de Belém.
No final da digressão a banda edita um vídeo com imagens dos concertos realizado por Nuno Tavares, e que foi mais tarde apresentado na Fnac de Lisboa.
Em 98 sai Ricardo Braga e entra para o grupo Ricardo dos Anjos, violoncelista, para manter a sonoridade clássica na estética da banda.
Em meados do mesmo ano a banda de Alcobaça, com energias renovadas, começa a trabalhar num novo projecto, tendo contado para isso com a participação de vários jovens músicos da Escola de Musica do Conservatório de Lisboa.
Este trabalho, que teve o nome de “Vinyl”, tentou conciliar sintetizadores, samplers, e caixas de ritmos com instrumentos clássicos tais como violinos, violoncelos, bombardino, entre muitos outros.
Mais uma vez todo o trabalho foi financeiramente suportado pela banda, tendo novamente recorrido à produção caseira com excepção das vozes, piano e cordas, gravadas nos estúdios Tcha Tcha Tcha (em Lisboa), onde contaram com a preciosa ajuda dos técnicos de som Zé Vasco e Zé Motor e Joe Fossard na mistura do álbum.
No final de Novembro de 98 o álbum estava finalizado e pronto a ser editado. Começou então a tarefa da banda de distribuir o disco de loja em loja, em todos os pontos do país.
A reacção da crítica à sonoridade da banda foi desde logo extremamente positiva, tendo “Vinyl” sido considerado álbum do ano pelo Diário de Notícias e pelos ouvintes da Rádio Marginal, mostrando que o álbum foi bem recebido não só pela crítica como também pelo público.
Finalmente, surge interesse por parte das mesmas editoras que antes os tinham ignorado. No entanto, a banda acaba por optar por continuar independente, entregando apenas a distribuição do disco a uma multinacional: a BMG.
Em Janeiro de 99 os The Gift recebem o convite para fazer a 1ª parte dos espectáculos dos Divine Comedy (uma confessada influência da banda).
Os The Gift não pararam foi a entrega do disco de prata por mais de 10.000 unidades vendidas, a entrada do single "OK! Do you want something simple?" para as playlists das rádios, a presença em quase todas as Queimas das Fitas do país, a gravação do primeiro videoclip da banda (realizado por Paulo Costa Pinto), o convite para a composição da banda sonora da sitcom "Não és homem, não és nada", e o posto mais alto no top nacional de vendas alcançado por “Vinyl” com o 19º lugar. Tudo isto no espaço de três meses!!!
Na mesma noite em que a “Vinyl Tour” chegava ao fim, no Armazém F eram entregues os prémios TMN 1999 (destinados a premiar os melhores vídeos nacionais), nos quais os The Gift viram o seu videoclip de "OK! Do You Want Something Simple?" ser distinguido com quatro prémios.
Ainda no final desse ano os The Gift viajaram até Paris, a convite da associação Cap Magellan, é aqui dado o primeiro passo para a internacionalização da banda que continuou com a participação no MIDEM 2000.
No entanto cá dentro “Vinyl” continuava a dar frutos tendo sido reconhecido pela rádio nortenha Nova Era com quatro galardões entregues numa gala realizada a 29 de Janeiro, no Pavilhão Rosa Mota, no Porto.
Em Março, a promoção da banda fora de portas dá um importante passo com a participação no South by Southwest Music and Media Conference & Festival, em Austin, Texas; com a transmissão de uma entrevista e do concerto do Coliseu dos Recreios pelo canal de música MCM; e com a vitória do vídeo de "OK! Do You Want Something Simple?" numa competição levada a cabo pela MTV Europe, o que representou um facto inédito, pois pela primeira vez o conhecido canal de música passou um videoclip de uma banda sem editora.
Entretanto, os The Gift continuaram a trabalhar na sua internacionalização e no sucessor de “Vinyl”.
Em Junho 2000, fizeram uma mini-digressão pelo estrangeiro. Deslocaram-se a Hanover, Alemanha, para uma actuação inserida nas comemorações do dia de Portugal, na Expo 2000. Uma semana depois, actuaram em Macau a pedido da Fundação Oriente. Contudo, o ponto alto dos concertos no estrangeiro foi, sem dúvida, o espectáculo em Paris, na conceituada sala La Cigale, a 24 de Junho.
O início de 2001 ficou marcado pela participação dos The Gift no festival Eurosonic, em Groningen, na Holanda, representando a música nacional. Aqui foram apresentadas em primeira mão algumas músicas a incluir no sucessor de Vinyl, num espectáculo transmitido em directo pela RDP-Antena 3.
Daqui para a frente os The Gift não pararam, tendo lançado “Film” em 2001 que teve de imediato uma grande aceitação por parte do publico, bem como o apoio dos media. Foi este álbum que os levou ao longo de 11 meses a percorrer Portugal de lés a lés, com mais de 90 espectáculos e que culminou em apoteose no Coliseu dos Recreios.
Este concerto contou com “Butterfly”, “Five Minutes of Everything” e “Water Skin”, que tal como a Sónia lembrou foi o primeiro single a não ir para as rádios. Em “The Difference Between us” os The Gift fizeram um pequeno sample de Bjork. Por esta altura já ninguém segurava o publico quando surge uma novidade “não tem nome mas acho que se chama Music” diria Sónia. Este tema promete vir a ser mais um dos hino-pop dos The Gift do seu próximo trabalho.
Mas a surpresa da noite foi a participação de Fausto, que cantou em parceria com a Sónia Como um Sonho Acordado do seu álbum de 84, Por Este Rio Acima.
Os The Gift deram-se ao luxo de brincar com os clássicos e foram buscar “Summertime” de Gershwim. Ao fim de 2.30h ninguém se queria ir embora. Mas agora só falta espera que o EP prometido para as próximas semanas não demore, pois segundo consta vai contar com novas versões de “Question of Love”, “The Difference Between Us”, entre outros, para além de ser acompanhado por material multimédia.
Entretanto segundo noticias já divulgadas na imprensa escrita, os The Gift vão participar (novamente) no festival South By Southwest, no estado norte-americano do Texas.
O Oscar para melhor banda sonora é sem dúvida dos The Gift, mas eles são nossos.

Isabel Silva
in divergencias.com - 2002-02-16