Tuesday, October 10, 2006

The Gift :: AM-FM

The Gift no caminho das estrelas
O jornalista da VISÃO foi o único a acompanhar de muito perto o grupo de Alcobaça numa viagem pelos palcos de três cidades que fascinam qualquer músico: Londres, Nova Iorque e Los Angeles


Limusinas. Champanhe. Assistentes solícitos, que resolvem todos os problemas burocráticos num ápice, discreta e eficazmente. Mulheres e homens de extrema beleza que seguem os músicos para onde quer que eles forem. O maravilhoso folclore do rock n’roll. Esqueçam: à hora marcada para o encontro no aeroporto da Portela, os justamente consagrados The Gift são apenas cinco pessoas exaustas.
A agenda de trabalhos é intensa e tudo menos turística: concerto em Londres, integrado no Festival Atlantic Waves, organizado pela Gulbenkian; concerto e gravação de videoclip para o tema Music, em Nova Iorque; dois concertos e filmagem de mais um videoclip para o tema 11.33, em Los Angeles. Estes rapazes e esta rapariga trabalham a sério.
Mas isso não é novidade para ninguém: desde o princípio que os alcobacenses The Gift foram fiéis ao «faça-você-mesmo», para obterem controlo absoluto da sua música desde o processo criativo até à distribuição dos discos. Gravam em casa, têm editora própria e gerem a sua promoção.
É claro que alguma coisa tem de falhar. E neste caso trata-se de um problema recorrente: a bagagem. Os teclados, pratos de bateria, cabos e demais parafernália são uma coisa imponente de se ver. Tão imponente que a funcionária do check-in para o vôo 501 da British Airways quase perde os sentidos:«Mas...mas isso é tudo vosso?». John Gonçalves, 28 anos, encarregado do baixo e teclados na banda acumula também a função de organizador. «Têm de pagar excesso de bagagem», diz a funcionária, implacável. Não valeram as súplicas de John, a evocação de colegas mais simpáticas da funcionária que fecharam os olhos a meia dúzia de quilitos a mais. «São 1.469 euros», diz a pouco musical senhora. Como o orçamento é limitado, pagar a taxa está fora de questão. A única solução será dividir o grupo em dois vôos. E é assim que me vejo num avião para Londres acompanhado apenas pelo técnico de som Isaac Bugalho. Comigo, para além da minha bagagem, levo a mala de Sónia Tavares.

Dia 1
Os The Gift, parafraseando com as devidas distâncias um discurso célebre, têm um sonho: a internacionalização. Nada de invulgar para quem está nestas vidas.A única diferença é que a banda depende única e exclusivamente dela própria na busca de novos canais de distribuição dos seus discos.
Nesse sentido, e no melhor espírito português, criaram uma estrutura logística internacional tão extraordinária como acolhedora: abdicam dos hotéis (a não ser em último recurso) e ficam em casa de família e conhecidos.Não tem muito glamour, mas compensa. É o caso de Londres: o nosso alojamento é uma casa de amigos da família Gonçalves - o casal Palmira e João, que vivem com a filha Ana e um neto de 12 anos chamado Luís. Palmira («Só Palmira chega») é uma força da Natureza: para acolher este grupo e a sua bagagem revoluciona a casa e coloca-se ao nosso dispôr 24 horas por dia. O grupo - os irmãos John e Nuno Gonçalves, Sónia Tavares, o guitarrista Miguel Ribeiro e o baterista convidado Diogo Santos - já lá tinha estado alojado em ocasiões anteriores. Os dois únicos estranhos eram eu e Cristina Leite, uma estudante de Farmácia do Porto e fã incondicional que venceu um passatempo de rádio. Mas somos recebidos como velhos amigos e tratados como crianças que precisam de mimos. «É sempre assim», confirma Nuno.«A Palmira é uma mulher fantástica». É uma generosidade rara, comovedora, que quase dói de bonita. Este casal, que já vive em Inglaterra há 38 anos, mantém uma cerrada pronúncia alcobacence. João, já reformado, foi chefe de cozinha; Palmira, apesar de já não precisar, trabalha ainda para um abastado xeque árabe, que exige que as suas camisas sejam engomadas apenas por ela. Não é raro que Palmira chegue a casa num Rolls Royce. Para já, somos nós os príncipes: um bacalhau com natas de proporções históricas faz esquecer as agruras da viagem e prepara-nos a todos para o dia seguinte - o do primeiro concerto.


Dia 2
«Está um dia óptimo!», diz Nuno Gonçalves, visivelmente bem disposto enquanto nos dirigíamos para um Internet Café. Por «óptimo» entenda-se frio cortante, céu cinzento e chuva miudinha. Vai ser um dia muito agitado: concerto no clube Cargo, às 20 horas, com sound check às 16; e presença no aeroporto às 6h30 da manhã, o que significa pouco mais do que um par de horas de sono.
Mas por agora os Gift desdobram-se em convites e confirmações pela net: «Convidámos a Sia Fuller [vocalista dos Zero7] e parece que todo o staff da Universal [editora que distribui o novo disco AM/FM em Portugal] vai lá estar».John está confiante, e aproveita para acertar pormenores de agenda e patrocínios para os espectáculos nacionais.
O Cargo é um clube multi-funcional no norte de Londres: amplo, com pedra e madeira como materiais principais, tem um restaurante que serve refeições leves, um bar e uma sala de concertos, com um palco aceitável. À espera da banda estavam Miguel Santos - responsável pelas relações culturais anglo-portuguesas da Gulbenkian local e idéologo do Atlantic Waves - e João Duarte, organizador de concertos mais perto da área da dança. «Há uma ideia que isto é só um evento para portugueses», diz Miguel Santos.
«Mas a tendência é colocarmos artistas portugueses a trabalhar com ingleses». O festival existe já há quatro anos e gradualmente tem vindo a ter reconhecimento da imprensa especializada. «É um festival de mostra de artistas portugueses para o resto do mundo», reforça João Duarte.«E se os portugueses quiserem ver os espectáculos, contente da vida». Os portugueses quiseram ver. A assistência de cerca de 150 pessoas que assistiu ao concerto era, na sua esmagadora maioria, composta por estudantes e jovens trabalhadores portugueses. Antes, todos jantávamos uma ementa única constituída por um pequeno-almoço reforçado. O nervosismo dos músicos começava a sentir-se, e apenas Isaac contrastava com a pergunta constante «A que horas é o Benfica?» No camarim, minutos antes de entrar em palco, o recém-casado John constatava que era a primeira vez que tocava de aliança; e uma pequena discussão, fruto da tensão pré-actuação, perturbou Sónia. Quem a viu minutos depois nunca o adivinharia: transformou-se pouco a pouco, deixou-se possuir pela música e a plateia foi com ela. Quando chega ao primeiro single do novo disco - Driving You Slow - já ninguém estava quieto. Terminaram ao som de um muito pouco inglês «Só mais uma!» e esgotaram os discos que tinham levado para vender. Ana, uma portuguesa que trabalha há três anos como empregada de mesa no Pizza Express estava radiante: «Adoro-os e vou vê-los em Lisboa.Têm uma música fabulosa e em palco são fantásticos». Kika, a fã que segue a banda desde Vynil, não poda estar mais satisfeita:«Quando voltar ao Porto, vou chatear todos os meus amigos com o disco novo». O dia foi um triunfo. E quando, no regresso a casa, encontramos no metro brasileiras que cantam Adriana Calcanhotto, toda a gente faz coro alegremente.

Dia 3
Depois de uma ceia sumptuosa preparada por Palmira (que não dormiu), e apenas com uma hora de sono (excepção feita à Sónia), partimos para o aeroporto. Na carrinha há uma boa disposição que não é compatível com a quase-vigília. Todos cantam o inenarrável êxito dos moldavos O-zone, precedido sempre de um diálogo parecido com este:
«-Este frango presta? (todos)Presta, presta, ó minhê manhô...» John Gonçalves nasceu nos Estados Unidos, e é cidadão americano. É recebido na alfândega do aeroporto de Newark com um «Welcome home, John».Miguel Ribeiro é cidadão português; e é recebido com um «Come this way, please», desaparecendo num gabinete. Fica lá dez minutos, depois de ter convencido o agente que pertencia a uma banda portuguesa vinda aos Estados Unidos para um showcase e o Dia de Acção de Graças.
Mais uma vez, o departamento logístico da família Gonçalves funciona em pleno. Desta vez ficaremos em casa do jovem casal Viegas, Andrea e Walter, em Union, Nova Jersey. A casa é grande e muito confortável., Invadimo-la sem pudor na ausência dos donos da casa,que se encontram nos seus empregos: Walter trabalha no departamento informático da editora Universal americana (uma coincidência) e Andrea na pesquisa de mercado de uma grande farmacêutica. Enquanto o casal não chega, Nuno sugere uma visita ao Guitar Center da zona, uma enorme loja especializada em instrumentos e demais acessórios. Um conselho de amigo: se não pertence a uma banda ou não tem interesse numa carreira musical, nunca acompanhe ninguém a um Guitar Center. Estas lojas são o Toys R’Us dos músicos, e o caso dos Gift não foi excepção: os olhos abriam-se como os das crianças quando deparavam com teclados recentes, mesas de som sofisticadas ou pedais de efeitos extraordinários. Apesar da simpatia e amizade que tenho por estes rapazes, percebi aqui a velha expressão de que ser jornalista é um sacerdócio. De regresso a casa, deparamos com mais uma recepção digna de reis: toda a família está presente e é num ambiente familiar e aconchegante que passamos o resto do dia. Andrea e Walter são os anfitriões perfeitos. E aposto que os U2 não se importariam de fazer uma digressão assim.


Dia 4
O estúdio onde os The Gift gravam o clip para Music não é mais do que um apartamento adaptado, na zona boémia (e cara) de East Side Manhattan. Quando chego - por volta das onze da manhã - o grupo já estava a trabalhar desde as seis. O realizador é um francês residente em Nova Iorque, Cyrill Chambord, que anda freneticamente de um lado para o outro da pequena sala.
Diz repetidamente que está apaixonado pela Sónia enquanto dá os últimos retoques na roupa da cantora - uma espécie de vestes de santa. Os restantes membros da banda estão em tronco nú, com tatuagens pintadas. Mal me vê chegar, John não consegue conter a alegria: «Vi o Matt Damon! Às sete e um quarto da manhã, quando fui enviar um fax! Esta cidade é extraordinária!». Sónia Tavares corrobora e declara a sua paixão: «Adoro Nova Iorque. Gostava de cá viver um dia. Mas também gosto muito de Espanha, e como até é mais perto...». Porém, nem tudo é alegria: uma crítica negativa ao disco, saída em Portugal nesse dia, perturba todos os elementos do grupo.«É injusto dizer que esta música é igual a este ou aquele. Este é o disco em que mais coisas diferentes fizémos, em que mais apostámos», indigna-se Nuno Gonçalves. Sentado a um canto, a assistir a tudo está David Parnes, o manager americano da banda. Parnes, 29 anos, dificilmente poderia passar por outra nacionalidade que não a sua: veste jeans e t-shirt, calça ténis e tem todas as feições típicas do jovem americano. O seu caso com os The Gift foi amor à primeira vista:« Depois de ter visto mais de 100 bandas decidi que não queria ver mais nada. Mas, por curiosidade, fui ver uma actuação dos The Gift há 3 anos. Fiquei esmagado». No entanto, reconhece que fazer a música da banda «entrar» no mercado americano não é tarefa fácil: «As canções não são fáceis de passar na rádio. Por isso, o meu objectivo é colocá-los o maior número de vezes possível à frente das pessoas. Os The Gift, para mim, são 60 por cento de actuações ao vivo e 40 por cento de gravação. Acredito neles, senão não estaria aqui».
O concerto dessa noite no B.B. King, um clube de jazz e blues situado em pleno coração da Broadway (42nd Street) obedece a essa lógica de exposição. A banda irá fazer a primeira parte de um combo de jazz/funk e, aparentemente, será uma actuação para um público no mínimo alheio ao tipo de música do grupo. O BB King de Nova Iorque é uma franchise do original de Memphis, Tenessee, fundado pelo lendário bluesman. É uma sala enorme, com um longo balcão ao fundo e mesas dispotas ao redor de uma pista e do palco.
Diogo Santos está fascinado com a dimensão do lugar: «Nem no Coliseu existem bastidores deste tamanho, com vários andares». Não é sem alguma apreensão que os The Gift iniciam o concerto. A sala está a encher, com um público indeterminado, apesar da sua juventude. Também muitos turistas passam por ali, devido à localização estratégica do lugar. Logo ao inicio, Sónia quase que pede desculpa: «Nós já aqui tocámos e adorámos. Eu sei que a nossa música pode não ter a ver com o que estão habituados, mas espero que gostem». Apesar do nervosismo, a banda consegue um crescendo de adesão. Sónia ganha segurança, a equipa que fez o video aparece e anima as hostes, Andrea e Walter aparecem com amigos e no último tema - a tour de force de nove minutos So Free - todos os músicos se entregam com convicção. «New York, you’ve got to be so fucking free!», grita Nuno. No final, em pleno coração de Manhattan, alguém vai ter com Sónia e pergunta se ela conhece um conterrâneo. «Claro!», diz Sónia. «Dá-lhe cumprimentos do Sandro!». Assim se vê a força de Alcobaça.

Dia 5
O 14Below, em Santa Monica, Los Angeles, é um daqueles bares que aparece nos filmes. E isto não é um elogio: conhecem aquelas espeluncas manhosas onde os polícias entram à procura dos maus ? Aí têm: ao balcão, tipos mal-encarados e com físicos de dimensão não aceitável pelas normas comunitárias vêem a NBA nas várias televisões do bar.
Ao lado, encontra-se a pista e o palco onde os The Gift irão actuar. Um cheiro de cerveja velha de dois dias empesta o ar. A questão impõe-se: porquê e para quê tocar aqui ? David Parnes explica que marcou este espectáculo porque não sabia que a banda iria ficar em LA mais de um dia. Quando o quis cancelar, foi impossível. Estranhamente, «The Gift, from Portugal» são a atracção principal. O resto das bandas são locais e tocam algo entre o rock n’roll e o rhytm’n’blues. Durante o sound-check, um hippie envelhecido pergunta onde tocaram antes os Gift. Respondo Londres e Nova Iorque, ao que o homem se espanta: «E o que raio é que estão aqui a fazer?» Sabiamente, a banda encara este concerto como um ensaio: à hora da sua actuação, não há ninguém no bar a não ser Parnes, uma sua convidada, dois primos e eu próprio. O set é tocado sem muita entrega mas mesmo assim de forma profissional. A vida de uma banda que quer romper barreiras não é um mar de rosas, e esta noite foi só mais uma lembrança. Os rostos fechados e o silêncio absoluto no caminho para o hotel são a prova disso.

Dia 6
Dia de Acção de Graças, o feriado mais importante nos Estados Unidos. Para evocar a refeição que os primeiros colonos fizeram em Plymouth Rock (recém-desembarcados do navio Mayflower), junta-se a família e come-se perú. É o único «dia livre», e cada um passeia pelo circo de Hollywood à sua vontade.O único compromisso consiste em ir passar o Thanksgiving a casa do pai do realizador do vídeo que os Gift irão filmar no dia seguinte. Danny Passman é
um tipo magrinho e muito alto, que também sofre de uma paixão aguda pela banda desde que a viu actuar. Apesar de ter um curso de cinema na prestigiada UCLA, Danny estuda também direito - uma forma de agradar ao seu pai e demais família. Porque o pai não é um homem qualquer: trata-se de Donald Passman, super-advogado das grandes estrelas musicais e guru do musical managing. «Ele é um dos meus ídolos!», diz John Gonçalves, obviamente entusiasmado por ir conhecê-lo. «Tudo o que eu sei sobre o management de uma banda devo-o a ele!». A casa de Passman parece retirada de uma novela: situada em pleno coração de Beverly Hills, tem tudo o que se pode esperar de uma casa luxuosa de Los Angeles. Neste jantar estão cerca de trinta pessoas, entre família, amigos e nós. Parnes, como bom manager, apresenta a banda a toda a gente. Lá está também Jonathan Sela, um promissor director de fotografia que dirigirá a câmara no video de 11.33.
A sala de jogos de Donald Passman impressiona os músicos, não pelos flippers, mesa de pool, jogos video, bateria, guitarras, microfones e pequeno sistema de amplificação – mas pelos numerosos discos de ouro, prata e platina que cobrem as paredes. Todos têm inscrições de agradecimento ao anfitrião.E quem agradece é gente como os REM, Mariah Carey, Janet Jackson ou Quincy Jones. São mais pretextos para a banda sonhar.

Dia 7
Rodagem do vídeo de 11.33. Dirigimo-nos para o Los Angeles Studio Center, na baixa de LA. É um enorme edificio de 1956,que pertenceu a uma companhia petrolífera, com onze andares totalmente vazios e adaptados para filmagens.Ainda há a possibilidade de simular ruas e pequenas partes de cidades na sua área exterior.A equipa de filmagem está radiante com os Gift. jakob Mosler, o produtor, diz que nunca tinha visto uma coisa assim:«As
pessoas vieram trabalhar nas férias do Thanksgiving em vez de ficarem com as suas famílias.Mas estão motivadas,porque as personalidades dos músicos são contagiantes».Fica claro que toda a gente faz isto por paixão, como revela o orçamento quase simbólico do video:32.000 dólares. Isto significa que o director de fotografia –que já fez videos para Britney Spears e spots de tv para a Nike ou Bacardi – recebe cerca de 500 euros por dois dias de rodagem.
Danny Passman explica o conceito do clip:«Acho que 11.33 é uma canção sobre solidão. – mas uma solidão subtil, como aquela que se sente no trânsito ou nos edificios das grandes cidades.Vamos usar uma técnica semelhante à que é feita no filme The Eternal Sunshine Of The Spotless Mind, em que as pessoas desaparecem». E é isso que acontece: Sónia representa uma mulher desesperada à procura de uma informação que ninguém lhe dá.Há figurantes por todo o lado, alguns amigos do realizador, outros que responderam ao casting.É o caso de Mary White, 32 anos, canadiana e que representa «uma mulher de negócios».Mary é alta, loira, olhos azuis e um perfil de manequim. Qual não é o espanto de todos quando ela revela o que faz:«Piloto aviões comerciais para uma linha aérea canadiana». E o que é que está a fazer aqui, como figurante ? «Tenho uma paixão pela representação», sorri. Isto é Los Angeles.


A festa que celebra o final das filmagens é feita num armazém , também na Baixa de LA – o Hangar 1018 («É a Galeria Zé dos Bois cá do sítio», brinca John). Toda a gente está contente com o resultado e houve muitos elogios para Diogo Santos, que representou no clip um convincente taxista. A banda está mais descontraída e o concerto é mesmo festivfo, arrebatando a assistência com os temas mais fortes de AM/FM e Question Of Love, de Film. David Parnes, o manager, não descansa e anuncia que Ron Rainey, o
dono de uma editora independente chamada Rainman Records ficou muito interessado na banda portuguesa, chegando mesmo a avançar números e datas. Por prudência, adiaram-se as negociações. Depois do concerto – discutivelmente o melhor desta digressão – os músicos misturam-se com a assistência, aproveitando o único momento de descontracção desde que a odisseia começou. E pelos olhares, sorrisos e pedidos de discos e contactos, percebo uma certeza: a conquista da América pode ser dura; mas se é preciso começar por algum lado, então os Gift acabam de dar um grande passo em frente.


Nuno Miguel Guedes
In Visão - 2004-12-09