Saturday, October 14, 2006

The Gift :: AM-FM...Concerto Aula Magna

Algures entre o AM e o FM

Os The Gift entraram no palco da Aula Magna escondidos atrás de uma tela branca. No palco viam-se apenas sombras, figuras esbatidas, mosaicos de luzes fortes e um ecrã gigante a passar em diagonal imagens dos quatro The Gift, que naquela noite eram cinco, graças à presença, muito apreciada, do baterista Diogo.
«Elisa», a canção de arranque, foi tocada atrás desse enorme pano, «Music» também, mas quando o tom sobe o pano cai proporcionando o primeiro momento apoteótico do concerto. Outros lhe seguiram, como em «Front Of», «You Know» (aqui com mais guitarra), ou «So Free», a terminar as quase duas horas de concerto.
A aposta recaiu, como já seria de esperar, em AM/FM, o último disco de originais, mas foram os temas dos primeiros registos, como «Ok Do You Want Something Simple» ou «Question of Love», que fizeram (e fazem) as delícias do público.
Um público que teimava em não se levantar, que passou o concerto a abanar a perninha e a dançar sentado mesmo quando a batida de Nuno Gonçalves pedia mais. Não era suposto uma banda como os The Gift ter de pedir ao público para se levantar. A iniciativa devia partir dele. E talvez tenha sido isso que fez com que o concerto de dia 8 fosse menos eufórico e empático.
Não há dúvida que a composta Aula Magna estava rendida à música, ao jogo de luzes, aos mosaicos berrantes, ao ecrã luminoso e cromático, a todo o impressionante jogo cénico que os Gift têm vindo a construir e que está cada vez melhor. Mas o que ficou bem evidente foi a grande diferença entre os dois registos anteriores Vinyl e Film o novo AM/FM e até mesmo entre o lado AM e o lado FM.
O intercalar das canções mais fulgorosas e orquestrais de Vinyl e Film com as canções mais intimistas e trabalhadas de AM ou as mais catchy e dançáveis de FM revelou uma certa quebra da dinâmica da actuação. Contudo (e estas coisas percebem-se sempre ao vivo) ficou bem explícito o potencial dos temas novos, como «11.33» e «Cube».
Mesmo com a certeza de que já vimos os The Gift fazer melhor foi impossível não sair da Aula Magna a cantarolar e a dançar. E isso é que é importante.

Ana Baptista
in divergencias.com -2005-06