Tuesday, October 31, 2006

The Gift :: Film ...Concerto Sintra

351-ENTREVISTA EXCLUSIVA À VOZ DOS GIFT

Depois do espectáculo dos Gift na Sexta-feira passada, no Centro Cultural Olga Cadaval em Sintra, a Rádio 351 foi até ao camarim falar com a voz da banda, Sónia Tavares. Uma entrevista onde se falou do espectáculo que deverá ser o último este ano em Portugal, das embições dos Gift e do actual estado da música portuguesa.

Rádio 351 - Como correu o espectáculo?
Sónia Tavares - Os espectáculos a nível técnico normalmente correm bem porque nós temos os nossos ensaios. Mas as coisas funcionam quando há reciprocidade do público e há "feedback". É ai que nós percebemos que as coisas estão a correr bem quando vemos a cara das pessoas a sorrir e ouvimos depois os aplausos. Esta é a nossa visão de palco, quando percebemos que estão a gostar e o nosso objectivo é exactamente esse e acho que hoje foi cumprido.

Rádio 351 - E já estão com saudades de Portugal?
Sónia Tavares - Eu fico sempre com saudades de Portugal cada vez que me vou embora até porque é a minha terra e custa-me bastante estar muito tempo fora. É claro que as coisas têm corrido bem lá fora, temos tido público que nos tem acompanhado e já começamos a ter uma legião de pessoas que gostam dos Gift mas Portugal é sempre Portugal. É o nosso público, somos portugueses. Mas, quem nos conheceu primeiro foram os portugueses e é para eles que nós fazemos a nossa música em primeiro lugar.

Rádio 351 - Até Fevereiro vão estar em Espanha e depois?
Sónia Tavares - Depois vamos para a América.

Rádio 351 - Os EUA são um dos objectivos dos Gift?
Sónia Tavares - Já diz a música "If I can make it there I'll make it anywhere" por isso é realmente um objectivo assim como é um objectivo Espanha, França e Inglaterra. O objectivo é sempre mostrar a música a todas as pessoas e é claro que se temos bons contactos na América e temos pessoas que gostam de nós, que nos promovem a sério e que realmente estão empenhadas em fazer com que os Gift funcionem nos EUA,sendo assim porque não? Até porque o mercado é tão grande e uma banda independente pode num circuito alternativo tornar-se numa banda de culto que é isso que nós queremos que aconteça, obviamente que não vamos ser nenhuns Bon Jovi, mas porque não uns Sigur Rós? Não sei porque razão não haveremos de ser! Nós vimos os Sigur Rós em New York a última vez que lá estivemos e percebemos que é exactamente aquele público que precisamos e que nós queremos e é essa a nossa meta.

Rádio 351 - Os Gift apresentaram uma nova sonoriade no espectaculo,podemos esperar outra linha sonora da banda?
Sónia Tavares - Claro e não faz sentido estagnarmos, numa única sonoridade até porque os Gift foram sempre uma banda aberta a novas tendências e gostamos de acompanhar os sinais dos tempos e a modernidade e no fundo sermos actuais. Este poderá ser um conceito ou poderá não ser porque um disco é muito complicado estar agora a falar de um disco novo, porque um disco precisa exactamente de um conceito, precisa de ser pensado e precisa de ser uma coisa nova, não vale a pena estarmos a repetir-nos. Este poderá ser um caminho ou não. Para agora foi isto que nós quisemos fazer e não são de todo músicas que ficaram de fora do "Film" , foram músicas que nós achamos que já não cabiam no "Film" e que podem caber noutra coisa qualquer.

Rádio 351 - Seriam capaz de terminar os Gift se estagnassem como banda?
Sónia Tavares - Claro ou então depois acontecia como a todas as outras bandas quando não têm nada para dizer, lançam um disco ao vivo e é isso que nós não queremos fazer, porque isso é quando se esgota a criatividade mas é como eu estava a dizer, quando não há nada de novo para dizer mais vale a pena estar calado. Não faz sentido fazer um "Vinyl 2" ou um "Film 2". Só diremos qualquer coisas quando acharmos que vale realmente a pena.

Rádio 351 - E a Internet como veículo para apresentar os Gift a qualquer parte do mundo?
Sónia Tavares - Isso é um bom sinal quando a nossa música pode ser ouvido em todo o mundo. O mais importante na Internet é podermos ser ouvidos no Japão, Austrália onde ainda não posso pôr o meu disco à venda mas se lá for dar um concerto , as pessoas já conhecem e ai então porque não haverão de comprar? Internet é um óptimo veículo de promoção. E saber que se eu um dia fôr a um país qualquer onde nós nunca fomos e depois se eles já ouviram falar de nós só pode mesmo ter sido a acção da Internet.

Rádio 351 - Relactivamente às cópias que hoje vulgarmente se faz de Cd para Cd ou mesmo através da partilha de músicas pela Internet?
Sónia Tavares - É uma situação realmente contraditória porque se por uma lado a Internet é um excelente veículo de divulgação se não o melhor, é muito complicado...é só as pessoas tentarem perceber que se deixarem de comprar música na loja, as bandas deixam de existir porque não têm forma de continuar. Não têm dinheiro para continuar e as editoras depois não apostam, não é o nosso caso porque nós vamos sempre continuar a apostar em nós, somos a nossa própria editora, mas realmente é uma situação um bocado contraditória, mas há meios para combater isso, como por exemplo pôr um disco à venda que tenha um bónus, que faça com que a pessoa ache que é um presente e realmente faça sentir que deve comprar porque nós estamos a dar algo mais que ela não pode ter na Internet,há meios para combater esse tipo de coisas.

Rádio 351 - os artistas de música portuguesa têm vindo a público lamentar o facto das rádios portuguesas não passarem aquilo que se faz no nosso país. Como é que os Gift se revêm nessa situação?
Sónia Tavares - É claro que os gift como banda portuguesa gostava que se passasse um bocadinho mais de música nacional, mas depois há outra questão, se em vez de 3 por cento de música portuguesa, fosse 97 por cento de música portuguesa ai as coisas já eram um bocado mais complicadas, porque se fosse 97 por cento de musica portuguesa na rádio terimos de ouvir música de muito má qualidade porque apesar de já existirem bandas de muito boa qualidade, e do leque se abrir mais e cada vez as bandas são mais a fazer boa musica, por outro lado também há muito má musica e se as coisas fossem ao contrário se calhar nós sintonizavamos uma rádio e tinhamos que ouvir coisas que realmente não queriamos. Mas é claro que os 3 por cento é um número um bocadinho reduzido.Obviamente que faz falta música portuguesa na rádio mas também fazem falta mais bandas com mais qualidade.

Rádio 351 - Para quando o novo album dos Gift?
Sónia Tavares - Pois, ainda não sabemos. Será talvez no fim deste ano porque este processo de internacionalização está agora a começar e os Gift andam sempre cá e lá e é complicado sentar e pensar num conceito , o que é que vamos dizer . Portanto não sabemos ainda mas concerteza que no fim do ano terão um disco novo dos Gift.

Ficamos então à espera do novo disco dos Gift e que acima de tudo tenha mais alguma coisa para acrescentar ao panorama musical português.

In www.radio351.com - 2003-01-13

The Gift :: AM-FM

Dupla personalidade dos Gift agora ao vivo
The Gift disco 'AM/FM' divide-se entre sons calmos e frenesim


Grupo actua hoje no Rivoli, no Porto, e apresenta novo disco "AM/FM"


Os portugueses The Gift apresentaram, ontem, em 'showcase', na FNAC de Santa Catarina, no Porto, o seu novo projecto discográfico "AM/FM". O álbum, separado em duas partes distintas contém um lado mais intimista e outro declaradamente extrovertido. A banda actuará hoje ao vivo no Teatro Rivoli, no Porto, às 21.30 horas.
Num ambiente intimista, em jeito de conversa e com algum humor à mistura, o grupo de Alcobaça iniciou o mini-concerto com "Are you near?", tema que faz parte do lado "AM", seguiram-se mais quatro temas de "FM", com ritmos mais fortes. No final, a pedido do público, os The Gift tocaram "Fácil de entender", um tema em português que surge "escondido no disco e que, segundo os músicos, "tem o melhor do lado mais íntimo e do lado mais pop".
Em relação à divisão do álbum, Sónia Tavares, a vocalista, revela que a opção surgiu naturalmente durante as sessões de gravação "Percebemos que tinha dois caminhos relevantes e não quisemos prejudicar nenhuma das canções" - ao que se sabe, o grupo terá tentado fazer um CD com dois lados, mas tecnicamente ainda não é possível.
"AM/FM", lançado no dia 29 de Novembro, foi apresentado em primeira mão no estrangeiro. Entre 21 e 24 do mês passado, a banda deu concertos em Londres, Nova Iorque e Los Angeles. "Uma questão de oportunidade, os convites surgiram uma semana antes", salienta John Gonçalves, um dos músicos.
Além da faixa escondida, os fãs foram presenteados com um DVD extra onde se pode encontrar um documentário dos concertos da banda na América Latina e na Espanha e um making of, tudo a preço de um álbum simples. O projecto foi produzido por Nuno Gonçalves e Will O'Donovan.
Os The Gift, que estiveram nos dias 3 e 4 de Dezembro em Alcobaça e anteontem esgotaram o Teatro S. Luiz, em Lisboa.

Extra
Disco com DVD

"AM/FM", disco duplo, contém oito músicas intimistas e oito extrovertidas. E traz um bónus um DVD com documentário e 'making of'.

fernando oliveira
in Jornal de Notícias -2004-12-08

Wednesday, October 25, 2006

Sunday, October 22, 2006

The Gift :: Vinyl

Promúsica - Agosto 1999

















Gentilmente enviado por Soundfreak - www.wunderbarlife.blogspot.com

Tuesday, October 17, 2006

The Gift :: Vinyl... Concerto Coliseu

Grupo encerrou digressão nos Coliseus
Um dos Melhores Espectáculos dos Gift

O primeiro dos dois concertos de encerramento da digressão "Vinyl Tour" dos The Gift não chegou a encher, quarta-feira à noite, o Coliseu do Porto - o segundo realizou-se anteontem à noite, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa. Mas quem não se deslocou à sala portuense perdeu um dos melhores espectáculos de sempre do grupo de Alcobaça. Uma casa cheia seria a prenda ideal para uma banda que, fez ontem um ano, saiu de estúdio com o álbum "Vinyl" na mão à procura de editora, o distribuiu por mão própria, organizou os seus próprios concertos e acabou por esgotar as várias edições, alcançando o merecido disco de ouro.

Durante cerca de hora e meia, o Coliseu do Porto assistiu à actuação segura e brilhante de um grupo que foi considerado por muitos como a revelação de 1999. Mas o passo maior ainda estará para vir com o lançamento de "Vinyl" em Espanha, como disse ao PÚBLICO Miguel Ribeiro, um dos quatro fundadores do grupo. "Ainda estamos a tentar sensibilizar as editoras lá de fora, mas em Espanha já é seguro que vai sair o 'Vinyl'". Um passo importante rumo à tão ambicionada digressão internacional.

Uma boa ponte para essa abertura de fronteiras foi o convite formulado a Mimi Goese (vocalista que fez dos Hugo Largo uma banda de referência) para actuar na primeira parte dos concertos dos Coliseus. Os ambientes intimistas de músicas como "Milky way", "I spy" ou "Thrilled to pieces", do álbum "Soak", estenderam uma passadeira vermelha para a entrada dos The Gift com "La Folie", o brilhante instrumental de "Vinyl".

Depois, a banda de Alcobaça fez desfilar 16 canções. A voz de Sónia Tavares foi atravessando os ambientes de "Mirror" e de "Dream with someone else's dream", para depois entrar num "Love boat" em que imagens projectadas no fundo do palco convidavam a uma viagem guiada num mar de tranquilidade.

O programa do concerto incluiu ainda dois dos mais recentes temas saídos da inspiração dos irmãos Nuno e John Gonçalves: "Front of" e "Five minutes of everything", incluídos nesta "Vinyl Tour", sugerem envolvências intimistas e deixam entender que o próximo disco será tão bom como o primeiro. Os dois temas foram tocados separadamente em cada um dos dois "encores" pedidos pelo público, presenteado ainda no final com a bem conseguida versão de "Absolute beginners", um original de David Bowie.

Usando com eficácia a caixa de ritmos, os sons gravados e a beleza incontornável da orquestra que os acompanha nos palcos (grandes ou pequenos), os Gift deram uma prova do seu crescimento como grupo. Por isso, temas como o single natural de "Vinyl", "Ok, do you want something simple", "Ouvir" ou "Nowadays", atingiram um patamar próximo da perfeição. As sonoridades da pop orquestral em que os The Gitf se movem tiveram alguns momentos contrários, como foi o caso de "Concret", tema em que Nuno Gonçalves e Sónia Tavares fazem um dueto interessante. E pode muito bem ser esta versatilidade a ajudar a projectar o grupo no mercado internacional.

Mário Barros
in Público - 20 de Novembro de 1999

The Gift :: Film ...Concerto Lisboa

Film dos Gift estreou na quarta-feira em Lisboa

Os The Gift apresentaram, na quarta-feira, em Lisboa, o novo disco de originais Film. Nesta projecção, que durou cerca de hora e meia e se centrou nos episódios do presente, passaram algumas cenas desfocadas, mas o enredo salvou a noite.

Há já algum tempo que não se ouvia falar deles. Os The Gift terminaram a Vinyl Tour no final de 1999, recolheram a bagagem e entraram num período de hibernação. Saídos dessa fase regressaram, em 2001, com Film (à venda desde quarta-feira), um excelente novo disco, que marca uma nítida evolução na carreira do grupo.

Neste novo cenário mudaram-se os moldes, escolheram-se novos instrumentos, resultando num conjunto de episódios de uma beleza sonora rara. Mas Film está ainda muito fresco. Talvez fresco demais para trazer a Lisboa logo no segundo espectáculo de uma mini-digressão de apresentação. Embora demonstrem uma grande segurança em palco, ancorada na poderosa voz de Sónia Tavares, Film ainda está a precisar de rodagem.

São as modernices - assim justificou Sónia Tavares, a vocalista dos Gift – que encalharam a marcha da noite. As tecnologias são assim... falham no momento em que mais se precisa delas. Sabendo, por isso, que não se pode confiar na tecnologia de olhos fechados, deve dar-se o devido desconto aos Gift, que passaram por momentos sonoros algo desfocados, mas bem justificados pela ironia de Sónia Tavares, que sabe como se safar nestes lapsos tecnológicos.

O alinhamento do concerto foi dedicado quase na totalidade a Film, por isso a noite foi de pura descoberta e aventura. Se para uns foi um tremendo erro a escolha das canções, para outros foi o melhor que lhes podiam ter dado. Os mais atentos e dedicados fãs do grupo de Nuno e John Gonçalves, Miguel Ribeiro e Sónia Tavares ainda se devem recordar de Five Minutes of Everything (canção que integrou o alinhamento da digressão de Vinyl) e Front Of (apresentado nos coliseus no encerramento daquela digressão em 1999). E na área da revisão da matéria dada, apenas se recordou OK, Do You Want Something Simple. E será que era necessário mais algum flashback com tantas novas cenas?Butterfly, Water Skin e Me, Myself and I são alguns dos trunfos que os Gift têm guardados na manga... talvez as cenas mais importantes deste Film, que ao vivo ganham um brilho ainda maior (se a tecnologia colaborar!) do que no disco.

Em palco apresentaram-se sem cordas (ao contrário do que acontecia na digressão de Vinyl), mas com um quarteto de metais num fundo cinematográfico, decorado com grandes holofotes e uma tela de projecções por onde passam imagens associadas às canções. E nada mais necessitaram para encantar, dados os devidos descontos, a plateia recheada do Teatro Maria Matos.

A Film Tour vai passar ainda pelos seguintes palcos:
Abril:
Dia 25 - Teatro Rivoli - Porto
Dia 23 - Teatro Académico Gil Vicente - Coimbra
Dia 26 - Cine Teatro da Covilhã - Covilhã
Dia 27 - Semana Académica de Viseu
Maio:
Dia 4 - Queima das Fitas de Coimbra
Dia 5 - Semana Académica de Portimão
Dia 7 - Queima das Fitas do Porto
Dia 10 - Auditório da Maia

Rita Rocha; Fotos: Pedro Monteiro
in diariodigital.com -19-04-2001

The Gift :: Sónia Tavares

Sónia Tavares solidária Cantora em campanha internacional

Sónia Tavares, a vocalista do grupo pop português The Gift, é o rosto nacional da campanha Aldo Youth Aids, que conta já com nomes como Elton John, Avril Lavigne, Joss Stone, Alicia Keys, Justin Timberlake, LudaCris e os oscarizados Adrien Brody e Charlize Theron, entre muitas outras estrelas. A Youthaids é uma organização mundial que opera em mais de 70 países, nas áreas de políticas de educação e prevenção do HIV/SIDA, junto de jovens, abraçando, desde 1985, acções de luta contra aquela doença. Em Portugal, o símbolo da campanha, três diferentes 'dogtags' (literalmente 'coleiras'), estão à venda nas sapatarias Aldo por 5 euros cada. A 'dogtag', um colar com fio de couro e duas placas de metal, tendo uma delas gravada uma palavra ("see", "ear" ou "speak"), são o mote da campanha que espalhou pelo Mundo fotografias das citadas figuras públicas de mãos sobre os ouvidos, a fechar os olhos, ou ainda com fita adesiva a tapar a boca.A adesão das estrelas é em regime 'probono', assim como dos fotógrafos. A imagem portuguesa é da responsabilidade de Cláudio Capone. No nosso país, a Aldo vendeu, durante a campanha Outono/Inverno de 2005, cerca de 3400 unidades e, já este ano, durante a campanha Primavera/Verão, foram vendidos 3700 'dogtags'. Dado o êxito da campanha, a venda manter-se-á até ao Natal. As verbas arrecadadas revertem totalmente a favor da campanha.

in Jornal de Notícias - 2006-09-08

The Gift :: AM-FM...Concerto Mais Pequeno do Mundo

The Gift: rescaldo de concerto «intimista» para 20 fãs

Em dia de derby, o mundo pára. Até para os Concertos Mais Pequenos do Mundo. Por isso mesmo, na noite de Sábado, 28 de Janeiro, os vencedores do passatempo da Rádio Comercial só jantaram com os The Gift no Praia D'El Rei Marriott Golf & Beach Resort já no final do Benfica-Sporting, para que a ansiedade não fizesse parte da ementa.
A "sobremesa" serviu-se na sala do lado, iluminada por velas, onde a banda de Alcobaça deu um concerto intimista para os 10 ouvintes (e respectivos acompanhantes) que receberam, refastelados em sofás, os seus devidos prémios. Apresentando um alinhamento de 12 canções, que intercalou os êxitos do passado com o mais recente álbum "AM/FM", os The Gift esforçaram-se por tornarem o ambiente «íntimo e quente», com muitas histórias descontraídas pelo meio.
Munida de um piano miniatura («comprado numa loja de brinquedos em Portimão», como explicou Nuno Gonçalves), a vocalista Sónia Tavares ofereceu a «primeira surpresa da noite, depois do resultado» com uma versão de 'Wonderful Life', dos Black, originalmente gravada para uma compilação de Natal. Entre os êxitos, destacaram-se o "velhinho" 'Ok! Do You Want Something Simple?', interpretado sem a parte electrónica, e também a sequência 'Driving You Slow', '11:33' e 'Music', com que a banda se despediu. Em encore, os The Gift interpretaram a faixa 'Fiel', "escondida" no seu mais recente álbum.
No final do Concerto Mais Pequeno do Mundo, a vocalista Sónia Tavares elogiou a iniciativa da Rádio Comercial e agradeceu a «interactividade» do pequeno público, que acabou por ser «tão grande porque, no fundo, são 20 fãs dos Gift». Segundo a cantora, o ambiente deste tipo de espectáculos torna-se diferente porque «parece que estamos numa sala a tocar para amigos», onde «falamos uns com os outros e podemos explicar às pessoas o que são as músicas, porque surgiram e porque é que ficaram assim».
Para os fãs, a oportunidade única de jantarem com a banda, assistirem a um concerto à porta fechada para vinte pessoas e ainda conversarem e pedirem autógrafos aos músicos, foi inesquecível. À saída, comentava-se a grande qualidade do som e a «forma mais acústica e sensual, mais intimista e acolhedora» do espectáculo, como afirmou o ouvinte Fernando Fonseca, de Paço de Arcos.
Depois do Concerto Mais Pequeno do Mundo da Rádio Comercial, os The Gift rumam no dia 10 de Fevereiro para o Brasil, onde estão apurados para um festival de música no Recife. A banda vai também promover o seu trabalho no Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba, antes de tentar conquistar o mercado espanhol, como explicou Sónia Tavares numa entrevista que estará brevemente online.
O Concerto Mais Pequeno do Mundo dos The Gift será transmitido na Rádio Comercial no próximo Sábado, dia 4 de Fevereiro, às 19h00.


Ana Raquel Martins
in Radio Comercial -2006-01

The Gift :: AM-FM... Entrevista

Entrevista com The Gift

Nas comemorações deste ano do 25 de Abril, Odemira recebeu os The Gift como atracção principal. Provaram no concerto uma grande competência e profissionalismo e que sabem dar um espectáculo de entretenimento como ninguém. Após o concerto, os líderes da banda, Sónia Tavares e Nuno Gonçalves, concederam uma entrevista para a Rádio Maré Alta, que faz agora uma parceria com o hiddentrack.net.

Qual é a vossa opinião quanto ao concerto que deram agora aqui em Odemira e quanto ao público?
Nuno Gonçalves: Como a Sónia disse durante o concerto esta tem sido uma longa jornada. O último fim-de-semana foi longo e ela também foi sincera em dizer que foi um pouco cansativo. Mas não há melhor forma de acabar o cansaço do que chegar a um sítio destes completamente cheio como estava e ter as pessoas a vibrarem por uma causa que, apesar de já ter passado há algum tempo, ainda continua a ser nobre que é o valor da liberdade. Nós ficamos sempre contentes de vir aqui tocar nestas alturas. E o facto de nós termos vindo duma cena de Coliseu, que foi uma data difícil de preparar... Tivemos ensaios diários durante quase um mês e meio, depois fomos para Vila Real, Barcelona e hoje Odemira. Foi realmente uma jornada bastante dura, fisicamente e até psicologicamente porque são muitas horas de viagem. Mas foi óptimo, sentimo-nos super bem em palco e o cansaço ficou só mesmo dentro das carrinhas, graças a Deus.

O concerto do Coliseu foi um concerto muito especial, com vários convidados e muitas surpresas…
N.G.: O espectáculo que levamos a todo o País talvez tenha sido 70 por cento do que é o Coliseu. Não fazemos grandes diferenças entre os espectáculos das grandes cidades e das cidades mais pequenas, até porque vimos duma cidade muito pequena, que só há poucos anos é cidade, vimos duma vila mediana que é Alcobaça. E levámos durante muitos anos com isso, nos anos 80 e 90, em que as bandas levavam quatro, cinco luzes e só nas grandes cidades é que levavam a produção a sério. Tentamos sempre levar o espectáculo a sério para as pessoas, com o melhor som, melhor luz, com um ecrã único em Portugal e é isso que nós queremos. No Coliseu, obviamente porque também é uma sala maior, tivemos alguns convidados, o Rodrigo Leão e o Pedro Oliveira (ex-Sétima Legião e Cindy Kat) foram tocar dois temas connosco, estreámos uma música nova que por acaso hoje também tocámos cá. Portanto, são sempre concertos que estão rodeados duma grande emoção e é basicamente isso, uma sala maior.

Acreditam mesmo que existe o movimento Madbaça?
N.G.: Os críticos gostam sempre de ter alguma coisa para falar. Dizem bem, dizem mal ou então têm alguma coisa para falar e essa história do madbaça foi muito curiosa porque o Madchester que se criou nos anos 80 em Manchester era um movimento que tinha bandas, tinha noite, tinha clubes, tinha coisas boas na música, mas também tinha coisas muito más que eram as drogas, as dependências e os artistas a chegarem rápido demais e para logo caírem em decadência. Portanto se o Madbaça significa bandas boas, pessoas a divertir-se e criatividade efervescente, eu assino por baixo; tudo o resto não, portanto quando se fala em Madbaça é sempre um bocadinho estranho porque quem é conhecedor do movimento que foi o Madchester também não ia achar muita piada. Acho que Alcobaça é uma cidade que, apesar de não ter muito apoio cultural em termos camarário, tem bandas com um sangue quente, que gostam de tocar, gostam de experimentar, gostam de se juntar com os amigos e fazer bandas. A partir do momento em que há uma banda como os Gift que consegue conquistar os mercados nacionais e internacionais ainda ganha mais motivações e nós ficamos orgulhosos também de traçar de alguma forma o caminho para eles. Depois temos também o Clinic, que é um clube onde se levam lá quase mensalmente as bandas novas portuguesas, as bandas internacionais, DJs nacionais e internacionais, o que também estimula criativamente as pessoas, portanto existe realmente ali uma grande criatividade à volta daquela cidade.

E identificam-se de alguma forma com o som de Madchester, de bandas como New Order, Joy Division…
N.G.: Não são influências directas, mas são bandas que ainda ouvimos obviamente. Mas não podemos dizer que são influências directas da banda, não considero.

A aposta que têm vindo a fazer no estrangeiro ao longo dos anos já deu muitos frutos?
Sónia Tavares: Vamos tendo alguns frutos. De qualquer forma, o que andamos a fazer no estrangeiro, nomeadamente em Espanha - tivemos algumas datas na América e pontualmente em Londres e por aí fora -, passo a passo, vamos tentando implementar o nosso nome. O que nós pretendemos é ter o nosso disco nas lojas, bem distribuído, com um bom selo, que é o que conseguimos agora em Espanha. Andamos em digressão lá ao mesmo tempo que aqui em Portugal, temos sempre muito trabalho. Mas o que queremos para nós, para os Gift… não sonhamos em ser famosos internacionalmente. Isso também é sonhar... ainda que se possa sonhar, não é? Mas não somos loucos, temos os pés bem assentes na terra. Queremos ter o nosso disco bem distribuído, bem promovido, com os concertos devidos e com os concertos que fazem parte da promoção dum disco. Queremos também que as pessoas, pelo menos num mercado mais pequenino, talvez mais alternativo, nos vão conhecendo passo a passo e que nós possamos continuar por aí fora nesses países. Era loucura ficar a fazer digressões atrás de digressões aqui em Portugal. Há muitas pessoas que se acomodam a ganhar o seu dinheiro aqui em Portugal e ficam à espera que as coisas vão acontecendo sempre aqui e estão bem. Nós também estamos bem, o nosso povo é o português, o nosso público é o português e é obviamente para ele que trabalhamos. Mas como gostamos muito daquilo que fazemos, achamos que ir além fronteiras não nos faz mal nenhum. Muito pelo contrário: se não conseguirmos nada, pelo menos não morremos sem tentar.

Têm, sendo assim, uma grande necessidade de arriscar?
S.T.: Sempre tivemos necessidade de arriscar e acho que é por isso que estamos onde estamos hoje.

Com todo o sucesso que tiveram com o último disco AM-FM e por terem ganho um dos prémios MTV, sentem muita pressão na composição do próximo disco?
N.G.: Nós sempre nos escapámos da pressão. Ela nunca correu muito atrás de nós e se ela correu, nós corremos mais depressa. Não, não sentimos isso. Primeiro porque…eu compreendo que exista alguma pressão a nível internacional de grandes bandas que vendem milhões de discos e aí há até uma pressão editorial. Agora, pressão criativa... não creio que qualquer artista sinta uma pressão, para ser sincero. Acho que se a pessoa vender a música que faz e esta lhe vier de dentro, essa inspiração não vai acabar. Um amigo meu tem uma expressão muito engraçada que diz “a inspiração sabe onde tu moras e a qualquer momento ela vai lá bater-te à porta”. Portanto tens que ficar em casa à espera e tentar. É um bocado isso, porque isto de fazer música…obviamente que há muita inspiração, mas também tem que haver muita transpiração, como eu costumo dizer. Então acaba por ser isso. A pressão nós não lidamos com ela.

Com a apresentação deste novo tema, já estão a pensar em datas para a composição dum novo disco?
N.G.: Nós desde o início deste ano que preparámos um grande projecto que foi gravado há três semanas atrás: um DVD ao vivo da banda que foi encarado como um novo disco. Este novo disco dos Gift vai sair ainda até ao final deste ano. Foram duas noites gravadas num estúdio de televisão só com convidados. Fizemos também um passatempo na Internet para os fãs irem. Foram duas noites onde foram recordados temas velhos e temas mais recentes, todos remisturados, rearranjados e reapresentados sob a batuta do conceito AM-FM. Tínhamos um lado mais íntimo, que foi a primeira noite, onde tínhamos um cenário adequado e as pessoas estavam sentadas num habitat adequado a essa estética. Passados dois dias, resolvemos gravar sobe a batuta do lado FM outras canções mais mexidas, com ar mais dançável. Esse documento foi gravado e ainda vai ser lançado este ano e acreditamos que mais que um disco ao vivo é um novo disco dos Gift, apesar de não ter originais. Todas as músicas estão diferentes do que está gravado, do que está registado, o que torna a obra muito importante. Doze anos depois de começarmos achámos que era importante fecharmos um ciclo de carreira e acho que nesse DVD ao vivo - vai-se chamar Fácil de Entender e é mesmo por isso - vai ser fácil de perceber o crescimento da banda e o que é a banda doze anos depois.

No primeiro álbum, Vinyl, tinham uma música em português e neste último também. É um campo onde querem explorar mais ou ainda não se sentem completamente confortáveis?
N.G.: Nós…não exploramos mais ou não…a Sónia é que escreve e não…
S.T.: O “Fácil de Entender” foste tu que escreveste.
N.G.: Pois, o “Fácil de Entender” fui eu que escrevi. Mas nós achamos que a questão do cantar em inglês e em português não tem a ver com a maneira como nós comunicamos. Acho que se nós tivéssemos nascido em Inglaterra não fazíamos a música que fazemos hoje porque, apesar de tudo, acho que há muita portugalidade na música dos Gift. As pessoas no estrangeiro costumam dizer que há alguma melancolia. Eu não gosto muito da palavra, prefiro utilizar "esperança" e acho que há alguma na música dos Gift. Não utilizamos obviamente instrumentos das raízes culturais portuguesas, não utilizamos a voz como arma em relação ao português, mas esteticamente achamos que o nosso caminho foi traçado em inglês há doze anos atrás. Não estávamos sequer a pensar há doze anos atrás que o estrangeiro gosta mais disto, não era nada disso. O que é certo é que nós quando tínhamos catorze ou quinze anos, quando começámos a banda, se calhar 80 ou 90 por cento da música que ouvíamos em casa, nos rádio dos nossos pais e se calhar nas televisões dos nossos pais era anglo-saxónica, o que acaba por ser um influência directa. Talvez se fosse o contrário e nós tivéssemos uma televisão e uma rádio que passasse 90 por cento de música portuguesa talvez fosse diferente, ou não. Foi uma questão estética, tal como nós quando chegámos ao primeiro ensaio e dissemos “não vamos usar bateria, vamos usar uma caixa de ritmos” foi da mesma forma que dissemos “vamos cantar em inglês”. Foi uma questão estética e não foi…não quisemos ser mais do que éramos, de maneira nenhuma.

Então como vêm certas opiniões que consideram que as bandas portuguesas que cantam em inglês, para a rádio, não são consideradas música portuguesa?
N.G.: Há uma história muito curiosa…
S.T.: Deixa-me só dizer uma coisa antes de continuares. Ao fim de trinta e dois anos desde que somos livres e num país com liberdade de expressão, acho que cada um se deve exprimir da maneira que quiser, ainda mais como a música como forma de comunicação. É uma forma de arte e de comunicação. Se eu consigo comunicar com as pessoas através da minha música, mesmo que as pessoas não entendam aquilo que estou a dizer, com certeza que entendem aquilo que eu digo quando estou num palco e comunico com elas. Mesmo que fosse em chinês, iriam perceber a esperança das músicas, a alegria, a melancolia, aquilo que eu sinto e que lhes estou a transmitir. Portanto acho que, mais do que a língua, é importante saber comunicar com as pessoas e é isso que nós fazemos. Acho que qualquer pessoa deve comunicar da maneira que quiser, com os seus limites obviamente (risos).
N.G.: As pessoas que dizem isso ou só ouvem rádio ou não vão aos concertos, porque hoje ficou provado que a língua não é barreira nenhuma. Pelo contrário, as pessoas cantam as canções e não é por aí. Sou contra qualquer fundamentalismo, também contra o das pessoas que dizem “não não, nós só queremos cantar em inglês”. Isto também é absurdo. Há uns anos atrás, dizia-se que as bandas que cantavam em inglês não vendiam. Entretanto houve um boom de bandas com letras em inglês que começou com os Blind Zero, depois os Silence 4 e depois os Gift. Então as editoras só queriam bandas que cantassem em inglês. Eu sou completamente contra esses fundamentalismos. Não vamos seguir o que as pessoas gostam ou o que as pessoas querem. Vamos dar liberdade às pessoas e se elas quiserem cantar em inglês e aquilo for bem feito, bem trabalhado e bem comunicado, porque não? Mas eu acho que é tão grave como chegarmos ao pé da Paula Rêgo e dizermos assim: “Paula, só vais usar amarelo, verde e vermelho porque essas são as cores da nossa bandeira”. Acho que é quase tão absurdo quanto isso.

A língua por vezes pode ser uma barreira para quem não percebe, mas visualmente têm um grande cuidado estético, sendo das bandas nacionais que mais se preocupa com esse lado. É algo que querem continuar a explorar?
N.G.: Hoje em dia, em qualquer projecto que se faça, artístico ou empresarial, a imagem é fundamental em termos de comunicação. Se nós nos podemos apresentar bem, de acordo com os nossos ideais e com as nossas regras, porque não? Não vamos ser contra-natura, a nossa natureza é essa.
S.T.: Não esquecendo que a nossa mais valia é a música obviamente, porque também se houver muita imagem mas não houver qualidade, as coisas não funcionam.
N.G.: Nas boys bands existia muito isso.
S.T.: Exactamente. Temos valor e acreditamos naquilo que fazemos. Senão, não adiantava andar aqui a pregar a nossa oração. De qualquer forma é obvio que há um prolongamento estético daquilo que fazemos. Porque não aliar e porque não chegar a uma praça onde estão milhares de pessoas e dar-lhes um espectáculo bonito? Chegamos, mostramos aquilo que temos a mostrar, a nossa música, as nossas canções com tudo aquilo que elas dizem, mas também com um espectáculo que leve as pessoas a dizer: “que grande espectáculo que eu vi” ou “venho preenchida” ou “foi uma coisa que vivi muito muito intensa”. É lógico que não vamos deixar de fazer isso. Se chegássemos com quatro guitarras, possivelmente só com quatro luzes, também poderíamos comunicar com as pessoas dessa forma e se calhar os sentimentos ou a intimidade seria outra, mas nós gostamos que as coisas funcionem assim.

Como apreciadores de música que são, como vêem o panorama musica actual e quais as bandas que vos têm suscitado maior interesse?
N.G.: Como eu disse ainda há pouco, chegam ao Clinic em Alcobaça muitas bandas novas, muitas maquetes, muito sangue novo. Contudo, eu acho que existe um movimento do hip hop que está a crescer cada vez mais e que é importante ter em atenção porque, mais tarde ou mais cedo, vão surgir bandas que vão fazer um cruzamento de gerações e acho isso muito interessante. Depois existem os clássicos, que apesar de serem novos já são clássicos, como os Clã, como o caso dos Blind Zero, como o caso - vou voltar ao hip hop - dos Mind da Gap, que é uma banda que já aqui anda há algum tempo e tem sido muito consistente no trabalho que tem feito. Depois existem os clássicos que sinceramente não posso dizer que goste muito, porque são os artistas mais velhos. Não são bandas com que me identifique muito; quando digo que não gosto muito é porque não me identifico muito mas é natural e toda a gente tem o seu espaço. Contudo do sangue novo existem muitos pólos fora de Lisboa que estão a fazer música muito boa: Castelo Branco tem um pólo com os Norton e os Musgo, uma banda que tem um nome interessantíssimo e muito português; Coimbra tem feito coisas óptimas com os Bunnyranch, já há alguns anos atrás com os Belle Chase Hotel, com os WrayGunn, com o Legendary Tiger Man; Leiria teve o David Fonseca e os Silence 4, os Phase, tem agora um rapaz novo que já me disseram muito bem que ganhou o Termómetro Unplugged, que não recordo o nome, já para não falar de Alcobaça, obviamente; das Caldas saiu o Gomo. Estamos a viver uma mutação de gerações e acho que daqui a quatro ou cinco anos os Gift já vão ser considerados a velha guarda. Isto significa que vamos num bom caminho de ir descobrindo cada vez mais coisas. Acho que as pessoas também estão um bocadinho mais selectivas e isso aumenta a qualidade.

E mesmo a nível internacional, quais as bandas que actualmente vos suscitam maior interesse?
N.G.: Vivemos numa altura de muita confusão, porque se dantes havia uns estilos determinados, hoje a música é um cruzamento de influências. Está-se a viver uma fase muito criativa, que vai desde as pistas de dança até ao rock muito interessante. A última banda que vi muito interessante foram os Arcade Fire. Há um projecto que lançou um disco o ano passado que se baseava em voz, piano e bateria, que se chama Antony and the Johnsons e que revelou, apesar de ter um formato super simples, uma voz excelente e uma maneira de fazer canções muito interessante. Portanto existem coisas muito interessantes a serem feitas hoje em dia, não só pela nova geração, como por uma geração mais antiga. Depois existem bandas que são bandas de sempre, apesar de nós já as ouvirmos há muito tempo. Hoje em dia, uns Coldplay, uns U2... continuam a ser os U2.
S.T.: Os Flaming Lips…
N.G.: Bandas mais novas da América. Apesar de já andarem cá há 20 anos, os Flaming Lips; e depois obviamente nunca nos podemos esquecer uns Rádiohead ou uma Björk, que são pessoas que apesar de venderem milhões de discos, conseguem estar sempre na vanguarda da tecnologia, da criatividade, e isso é muito interessante.

Como é que vêm actualmente o papel da Internet na música, através da pirataria, dos blogs, do MySpace…
N.G.: Para ser sincero, nós sabemos que temos o nosso MySpace mas eu ainda não entrei muito nisso. Eu tenho uma opinião muito realista dessas coisas. Se nós vamos tocar a Espanha e temos um disco vendido e cem mil downloads feitos significa que vamos ter muita gente nos concertos, significa que a música dos Gift está a passar a palavra e que, mais tarde ou mais cedo, as pessoas vão acabar por comprar os Gift. Eu acredito sinceramente nisso como meio de promoção e de passar as canções. Portanto eu acredito que para essa geração cibernauta, apesar de ser uma geração desprendida do objecto CD, mais tarde ou mais cedo se vai legislar o download ilegal. Havia uma campanha cá em Portugal que ganhou prémios internacionais que dizia: “fumar não é cool, o que é cool é fazer surf e ainda por cima não fuma”. E eu acho que mais tarde ou mais cedo se vai dizer: “é cool fazer downloads a pagar”. São 99 cêntimos, portanto não é muito. E acho que se criar essa opinião pública e se fomentar as pessoas a pagar 99 cêntimos por uma canção, que dá 10 € por um disco, eu acho que vai correr tudo bem. Se não, para as bandas que estão a começar, a Internet é óptima porque divulga, promove, e mais pessoas vão aos concertos, mais pessoas se calhar compram uma t-shirt. As bandas acabam por sobreviver também assim. Depois há as editoras... Nós somos a nossa própria editora, por isso podemos falar de cor dessas situações. As editoras queixam-se muito da pirataria mas a tecnologia permite-lhes, por exemplo, venderem toques de telefone, venderem imagens, videoclips, venderem uma data de coisas. Estas são receitas extra que há uns anos atrás não havia e que agora aparecem. Não batam tanto na tecnologia porque ela daqui a uns anos vai ser o suporte de toda a indústria.

Como já aconteceu com os Clap Your Hands Say Yeah e os Arctic Monkeys, acreditam que a Internet é actualmente o meio de promoção mais eficaz?
S.T.: Sim e sabendo que os Arctic Monkeys começaram no MySpace também, que ganharam milhões de amigos (como se diz no MySpace) e não foi por isso, não foi pela pirataria que deixaram de vender milhares de discos. e nós dizemos normalmente que o nosso público-alvo é aquele que pirateia. O público-alvo dos Arctic Monkeys são os piratas e no entanto eles venderam milhares de discos, portanto…
N.G.: Eu acho que também tem a ver como se promove o produto e como se chega às pessoas. [A Internet] não me assusta minimamente. Se há uns anos atrás as pessoas que gostavam muito de música tinham que lutar (e isso acontecia comigo: se a minha mãe me dava dinheiro para almoçar, tínhamos que tentar fazer poupanças para no final no mês comprar um disco). Se calhar se na altura tivesse Internet na minha casa, eu ia hoje conhecer muito mais música e os Gift iam ser muito melhores, portanto temos que ver as coisas pelo lado positivo. Vamos acreditar que o facto de haver muita informação pode ajudar a criatividade.

Esta última digressão do AM-FM ainda se vai estender por muitos meses?
S.T.: Vai-se estender até 28 de Setembro, mais ou menos. Pelo menos é o último concerto que temos agendado. Será no Du Arte Garden nos jardins do Casino do Estoril, porque apesar de tudo ainda há muita gente que não conhece os Gift e há muita gente que não associa a música há banda. Por exemplo, imensas pessoas que conhecem o “Music” que tanto passa na rádio mas que não o associam a nós. É interessante continuar a explorar cidades como Odemira e tantas outras, em que há muita gente que não nos conhece. E este tipo de festas, este tipo de acontecimentos são fantásticos para que as pessoas possam passar um bom bocado e fiquem a apreciar a nossa música. Portanto eu acho que AM-FM ainda não teve o seu término, até porque temos uma canção ainda a passar imenso nas rádios, estamos no top de airplay há semanas e acho que ainda não faz sentido matar este disco com o final da digressão.
N.G.: Temos sido solicitados e só o ano passado fizemos 95 datas em Portugal. Mesmo assim sentimos que tinham havido quase 50 pedidos de concertos que não tínhamos conseguido fazer. Então isso não fazia sentido. Se há pessoas que nos querem ver e houve cidades e vilas que não conseguimos fazer, vamos tentar fazê-las este ano. E é isso que estamos a fazer.

Texto: João Moço
Entrevista por: João Moço
Parceria com o programa "Café Sudoeste" na Rádio Maré Alta
in hiddentrack.net - 2006-04

Monday, October 16, 2006

The Gift :: Digital Atmosphere

«Feito por inspiração»

Uma plateia maioritariamente jovem, algo irrequieta, conseguiu encher o auditório da Delegação Regional da Guarda do Instituto Português da Juventude para assistir ao concerto dos "The Gift", na passada quinta-feira. Um grupo vindo de Alcobaça que alia o estilo clássico, através de instrumentos de cordas e de sopro, ao electrónico, com a utilização de sintetizadores e sampler.

O espectáculo, inserido na tourné que o grupo tem vindo a efectuar pelo país apresentando o "Digital Atmosphere", serviu de apresentação a novos temas, tocados pela primeira vez em público. Uma nova fase onde é visível uma evolução sonora e ritmica, através de uma maior utilização dos instrumentos de corda, e da inclusão de uma vertente jazzística, resultado das novas influências, sobretudo étnicas, que o grupo vem acompanhando. «Cada um de nós tem a sua preferência musical. Então à medida que vão surgindo novas coisas, cada um vai dando um bocadinho de si, e assim aparecem as músicas», fundamenta Sónia, a vocalista, ao mesmo tempo que admite que o grupo «está mais maduro».

Mas foi o "Digital Atmosphere" que Sónia define como «uma retrospectiva do grupo desde o seu início [94] até 1996», que trouxe os "the Gift" até à cidade mais alta. «Decidimos mostrar a nossa música ao longo do país». A escolha do IPJ da Guarda surgiu pelo facto de possuir um auditório tal como em outras cidades.

A única forma do grande público ter acesso ao trabalho do grupo, é através do posto de venda que se encontra nos locais onde os "Gift" actuam - como foi o caso da Guarda - já que o "Atmosphere" «é uma maquete feita a pensar em mostrar a música à comunicação social, às editoras, etc.». Por esse motivo, fizeram-na com a exclusividade da parte multimédia «para mais informações do grupo». Apesar de Sónia e Ricardo Braga terem formação clássica, respectivamente em flauta e bombardino, os restantes elementos, que anteriormente pertenciam a grupos rock, já tenham tido «lições». O grupo tem «uma formação muito básica». «É, essencialmente, tudo feito por inspiração», garante a vocalista.

O próximo desafio chama-se Centro Cultural de Belém. Os "The Gift" sobem amanhã ao palco do Pequeno Auditório.

"The Gift" é constituído por Sónia -vocalista, flauta; Nuno Gonçalves -teclado sintetizador; John Gonçalves - sintetizador, baixo e programação de sampler; Miguel Ribeiro - guitarra e baixo; Ricardo Braga - bombardino e sintetizador

GM
in Terras da Beira - 1997-10-30

The Gift :: Film ...Concerto

The Gift

Depois da longa e desesperante espera pela qual tivemos que passar, foi com alívio que recebi «Fabric», o instrumental de «Film» utilizado para abrir os concertos deste «tour». Finalmente aconteceu o que tantas pessoas, como eu, esperavam. O espectáculo começou.
Pedidas as desculpas e apresentado o motivo para o atraso (o carro dos músicos que acompanham a banda tinha avariado- até aos artistas isto acontece!), Sónia prometeu que iriam recompensar-nos com um grande espectáculo, e assim foi...
O alinhamento ouvido durante a noite focou essencialmente o álbum «Film», mas também tocaram o fantástico «Dream With Someone Else´s Dream», do primeiro álbum «Digital Atmosphere» que muitos desconhecem, tema que mais tarde foi recuperado, assim como «Changes», para serem incorporados em «Vinyl», este já o segundo registo discográfico da banda, do qual também extraíram para esta noite o muito badalado «Ok! Do You Want Something Simple?».
Os temas mais fortes da noite foram «Front Of», que fez arrepiar quem esperou para ouvir esta música ao vivo, «Butterfly», «Me, Myself and I», ou numa toada menos melódica, «Water Skin», o primeiro single a ser retirado de «Film»,«Clow» em tom de bossa-nova e «So Free», um tema bastante calmo de início, mas que acaba com todo o publico a saltar ao seu som. Outras músicas, como o já rodado «Question Of Love» e o estranho «Song For A Heart» cantado por Nuno Gonçalves, o principal compositor dos The Gift, fizeram as delícias de todos os presentes.
É de sublinhar o profissionalismo de Sónia, Nuno, John e Miguel que constituem este projecto, assim como dos músicos convidados (baterista e quarteto de metais) recrutados para esta digressão, que terá o seu término em meados de Fevereiro. É também de realçar todos utensílios e efeitos multimédia utilizados que tornam o concerto desta banda bem diferente daqueles a que estamos acostumados, transportando assim para o palco toda a essência existente em «Film».

Rui Cardoso
in Jornal Universitário do Porto - jan 2002

Sunday, October 15, 2006

The Gift :: Film

the gift - Film

Um filme, doze cenas em 3 planos. Os de Howie B, Will O'Donovan e Joe Fossard. Deste "Film" alguns frames são retidos. "Butterfly" e "Song for a blue heart". "Five minutes of everything" e "Front of" soam a The Gift. "Song for a blue heart" conta a voz de Nuno Gonçalves, músico e produtor da banda, num tema que merece ser ouvido."Film" ganha profundidade, diferentes texturas músicas, provenientes de uma mais, "Question of Love", outra menos óbvia, "Front of", contaminação dos três músicos que ajudaram na mistura das canções.Todo o cenário, à excepção da orquestra de cordas de 21 músicos que não estará presente, poderá ser visto no Teatro-Cine da Covilhã, na noite de quinta feira, 21. O concerto, integrado nas comemorações do dia da Revolução, será um dos primeiros da "Film Tour" que promete correr o País nos próximos meses.

por raquel fragata
in Urbi et Orbi - 05-07-2005

The Gift :: The Scum Show

The Scum Show
Está finalmente disponível a Banda Sonora original totalmente elaborada pelos The Gift. Temos exemplares para oferecer

Galardoado com o Prémio de Reposição do Concurso "O Teatro na Década 03/04" do Clube Português de Artes e Ideias, “The Scum Show” é um espectáculo onde a música, o vídeo e o teatro estão de mão dada numa iluminada viagem por entre imaginários e sonhos. Quem teve a oportunidade de assitir à peça sabe que a banda sonora é fantástica. Para os outros, penso que basta dizer que a música foi toda composta propositadamente pelos The Gift sendo que, para além de ser a banda sonora de uma peça, é um registo inédito da banda de Alcobaça.

A Rua de Baixo teve a oportunidade de estar presente numa das últimas apresentações do espectáculo na Casa d’os dias da Água (um excelente espaço cultural que aconselho a todos os interessados) e pôde constatar a razão do sucesso e das críticas positivas.

O projecto, levado a cabo pela Companhia Teatral Inestética, foi baseado no texto "A Morte Melancólica do Rapaz Ostra" de Tim Burton, sendo que todo o imaginário que o caracteriza está bem evidente nas personagens “fantásticas” do espectáculo, onde o humor negro e o sarcasmo estão sempre presentes. O projecto de Alexandre Lyra Leite é composto por 8 andamentos e remete-nos para um universo habitado por estranhas criaturas, que reclamam o direito ao amor e à compreensão, num mundo dominado por estereótipos.

Para além da excelente interpretação por parte dos actores, “The Scum Show” tem muitos pontos a favor. A originalidade e a capacidade de adaptação de um texto magnífico, conseguindo aliar a música com o vídeo e o teatro, são factores que fazem deste projecto algo que merece ser reposto várias vezes.

Essa música, que está presente no decorrer de todo o espectáculo, é da autoria dos The Gift, na sua primeira incursão em bandas sonoras para teatro, sendo que foi de certeza um enorme “empurrão” para a mediatização do espectáculo nos media e não só. Finalmente, estão disponíveis em CD todos os temas que compõem a peça, em registos que abrangem os momentos mais tristes e melancólicos assim como os mais movimentados e alegres.
Para quem assistiu à peça, esta obra é obrigatória porque ao ouvi-la vai concerteza reviver aquilo que presenciou e vai sentir um sentimento de dejá-vu do princípio ao fim. Quem infelizmente não a viu, fica com uma enorme vontade de o fazer e consegue, através da música (e do texto da peça que acompanha o cd), imaginar um pouco daquilo que se passou em palco.
Obviamente que esta edição é também uma raridade na música dos The Gift e é um objecto bastante apetecível por todos os fãs da banda de Alcobaça e por todos os interessados na música em geral, para além de ser uma edição limitada.


O álbum está disponível unicamente na página da companhia em – www.inestetica.pt - com um preço bastante acessível

By Pedro Marques
in Ruadebaixo.com

The Gift :: AM-FM...Concerto Coliseu

The Gift @ Coliseu
Uma noite especial. Não?

Sobre os The Gift, já muito se disse, muito se falou, muito se questionou. A banda de Alcobaça é, inquestionavelmente, um projecto pop de sucesso fora do comum em terreno nacional, é ponto assente. A noite de 21 de Abril, a terceira presença da banda no Coliseu de Lisboa, prometia ficar na história – não ficou, e as razões podem ser de diversa índole.

“AM-FM”, último disco de originais dos The Gift, data já de finais de 2004. Os singles, já toda a gente os conhece. Os concertos, também já muita gente os viu. O profissionalismo, esse, é imagem de marca e continua imaculado. O efeito surpresa, esse, é que já nem tanto. Culpas de uma promoção pouco eficaz, resultado de tudo isto dito anteriormente, nada disto ou tudo ao mesmo tempo, a verdade é que o Coliseu encontrava-se relativamente distante de ter a sua lotação esgotada, mesmo tendo em conta a dimensão do palco, com uma plataforma que levaria, no encore, os músicos a situarem-se em pleno centro da sala, naquele que foi um dos melhores momentos da noite. Mas já lá vamos.

Na primeira parte, o projecto espanhol Deluxe mostrou que, afinal, ainda há algum rock interessante do lado de lá da fronteira. Não deslumbra, é certo, mas eficácia não falta: a banda é coesa, sabe o que faz, e não se lhes pede mais que isso. “Caetano Veloso” arrisca os Deluxe numa incursão pela bossanova, mas é na recta final com “If Things Were to go Wrong” ou “Que no” que se sente que o concerto começava a arrancar. Fica a curiosidade de rever o projecto numa outra ocasião mais propícia.

O arranque do concerto dos The Gift não foi feliz. O pano do costume estava lá, mas o arranque não se deu com a magistral “I am AM” mas sim com “Fácil de Entender”, numa nova roupagem com toda a banda. Um começo frouxo, murcho e, acima de tudo, pouco eficaz. “Butterfly”, o tema seguinte, deu, esse sim, verdadeiro arranque ao concerto. O tema, retirado de “Film”, segundo disco da banda, continua a ser uma das mais belas composições de Nuno Gonçalves e companhia. A queda do pano, na recta final, continua a ser momento de destaque dos concertos da banda. Já foi visto anteriormente, mas continua a ser um momento alto. Depois, de rajada, “Driving You Slow” e “11.33” aqueceram o público do Coliseu – primeiros saltos, gritos, cantares, palmas.

O concerto prometia convidados e estes chegaram relativamente cedo. Rodrigo Leão e Pedro Oliveira (Sétima Legião, Cindy Kat) reviveram com os The Gift as marcantes “Manchester Mad Remixes”, através de versões de Joy Division (“Atmosphere”, intensíssima, negra, assombrosa) e New Order (“Bizarre Love Triangle”, a festa modo LSD antes da ressaca, as cores de uma trip mal digerida). A conclusão após este momento só pode ser uma – para quando um EP que imortalize esta colaboração e recriação do imaginário “24 Hour Party People”?

A voz de Sónia Tavares estava impecável, já se havia chegado a esta conclusão por esta altura. O preciosismo técnico de Nuno Gonçalves era também nota dominante. Como já fora visto anteriormente, uma e outra vez. Visualmente, os mesmos painéis de sempre, bastante interessantes, um palco tecnicamente irrepreensível – como mais ninguém tem em Portugal.
“Red Light” é apresentada numa versão mais lenta, sem metade do encanto e ambiência festiva; “1977”, o momento mais infeliz de “AM-FM” ganha novo alento ao vivo, numa versão mais alongada, com Nuno Gonçalves a tomar igual protagonismo que a vocalista na frente do palco; “Wallpaper”, dedicada às senhoras, igual a si mesma – lindíssima. Pelo meio, um tema inédito, ainda sem título definido, a incluir num futuro registo de originais. Precisa de mais maturação, mas pareceu orelhudo e estimulante q.b. para ser mais um sucesso na carreira da banda. De resto, poucas mais novidades: “Song for a Blue Heart”, ou como Nuno Gonçalves é também dotado de uma voz relativamente interessante, seguido de uma pequena passagem por “Lovesong”, dos The Cure; “Music”, antes do encore – a canção mais popular de sempre dos The Gift?


O primeiro encore trouxe a tal aparição da banda em pleno coração do Coliseu. Um momento intimista, de maior comunhão, com canções óptimas em adaptações formato quase acústico. Resultou, apesar de problemas técnicos de tempos desajustados que levaram inclusive Nuno Gonçalves a pedir à banda para retirar a monição dos ouvidos. E convenhamos que uma sequência com “Me, myself & I", "Five Minutes of Everything" e "My Lovely Mirror" não está ao alcance de todos. Nota um pouco menos feliz para as flores atiradas a Sónia Tavares – manifestação de histeria pré-adulta em fase de acne mal resolvida – mais comum num concerto de Enrique Iglesias do que no de uma banda que se movimente pelas paisagens sonoras dos The Gift. Ok, percebe-se o agradecimento, mas não era preciso. Adiante.

O segundo encore trouxe o tema final da praxe, “So Free”, o tal com o theremin, o tal em três actos, o tal da que começa lento, acaba lento, intensifica-se pelo meio, alerta dancefloor, agitam-se as ancas, levantam-se os braços, grita-se pela liberdade, espiritual, ideológica, provavelmente de movimentos corporais, acima de tudo. Começa-se a ouvir, no final, “This is Not America” de David Bowie, sinal do término do concerto. A banda dirige-se uma vez mais ao centro do Coliseu e agradece à plateia. Noite claramente ganha, pois claro. Histórica? Dificilmente.
O saldo final é muito positivo, claro, já se disse. Os The Gift são uma banda com temas excelentes, que dão óptimos concertos. Os seus discos são óptimos, o seu profissionalismo e dedicação intocáveis. Contudo, queria-se fazer da noite do Coliseu uma noite histórica – tal não sucedeu. Foi “apenas” mais um excelente concerto dos The Gift. Um apenas entre muitas aspas, porque um concerto deste calibre é tarefa que, uma vez mais, não está ao alcance de todos. É um pouco como o toque de midas: não é para quem quer, é para quem pode.


Fotos de Nuno Lourenço
by Pedro Figueiredo
in Ruadebaixo.com - 2006-04

The Gift :: AM-FM...Concerto para fãs

As nossas canções de Natal @ Clinic
Cubo, Gomo, Norton, The Room 74, Loto e The Gift no País do Natal

A ideia era óptima. Reunir um leque de bandas que haviam actuado em tempos recentes no Clinic, de Alcobaça, e dar roupagens natalícias aos seus temas, bem como apresentar, quiçá, alguma versão ajustada à época.

Confessa o escriba que a passada noite de 23 de Dezembro foi a noite de conhecer, pela primeira vez, o Clinic, espaço de Nuno Gonçalves, mentor dos The Gift. Espaço óptimo, diga-se, e que merece elogios pela dinamização nocturna da noite de Alcobaça, como se veio a comprovar na forte adesão de público a esta festa natalícia.

Chego cedo ao espaço. Bebo algumas cervejas, converso, vou entrando em comunhão com o bar/discoteca. Antes, havia comido (passe a publicidade) no Restaurante “A Mãe” – situado ligeiramente acima do Clinic – e dado uma volta pela cidade, lindíssima como sempre me havia lembrado dela. Rural, muito acolhedora, incrivelmente limpa e asseada para quem está acostumado à tradicional lixeira contínua que é grande parte de Lisboa e respectivos subúrbios.

Véspera de véspera de Natal, e encontrava-me eu a mais de 100 km de casa. Valeu a pena? Se valeu.

Os primeiros a entrar em cena foram os Cubo, devidamente apresentados por Nuno Gonçalves. Não foram grande espingarda. Mostraram um som assente nas electrónicas do passado, tentando actualizar o presente com momentos porventura futurísticos. Confusos? Não tanto como a sonoridade deles, garanto-vos.

Em frente. Vamos até ao companheiro Gomo, aqui a mostrar duas composições novas, ainda não devidamente ensaiadas, mas já com apurado sentido pop. Como sempre, diga-se em abono da verdade. Pela amostra teremos no novo disco de Gomo (a editar em 2006, provavelmente) um seguimento na sua sonoridade típica. Canções viciantes, de refrões orelhudos. Na primeira vez que mostrou ao vivo uma das canções, pasme-se, o público cantou, a determinada altura, o refrão do tema com o músico. Se à primeira audição é assim imaginemos daqui a uns tempos…

Seguindo para os Norton, pois então. Vieram de Castelo Branco, mostraram dois temas originais e uma versão de «Last Christmas», dos Wham. Sim, a banda do George Michael. Para quem ouviu a sessão acústica da banda nas 3Pistas de Henrique Amaro, incluída no disco de remisturas editado recentemente, as composições originais não mostraram nada de novo. Simples, eficazes, bonitas, resultaram bem, bastante bem. A versão nem tanto, demasiado presa a uma certa e deselegante estrutura menos ritmada e mais pausada. Talvez em circunstância menos festiva resulte melhor. Errr, ou se calhar não, não faz sentido tocar um tema como «Last Christmas» em ocasiões que não festas. Esqueçamos e avancemos.

Os The Room 74 estavam, para surpresa, visualmente discretos. Surpresa menor foi constatar que, musicalmente, com maior ou menor simplicidade de aparato técnico, continuam redundantes e insossos. Contudo, o tema «Deep Inside» ainda animou boa parte da plateia.

Os Loto são divertidos. Anuncia o anfitrião Nuno Gonçalves que têm estado nos últimos tempos a preparar novo trabalho de originais. Longe de muito bons musicalmente, mostraram esta noite que são uma banda porreira para se convidar para festas. Quiçá seja esse o seu futuro, as chamadas digressões por escolas secundárias, bailes de Carnaval, festas do Caloiro. E obrigado pela garrafa de espumante, Nuno!

Para finalizar, os representantes maiores da pop made in Alcobaça, os Padrinhos (sem sentido mafioso) de toda esta gente, os The Gift. Tocaram «Music», «Ok» e uma versão estupenda de «Wonderful Life», dos Black. Pegaram em xilofones, reduziram o volume das guitarras, redimensionaram para a ocasião o seu som. Sem surpresa foram os melhores da noite, os únicos a trazer gente para as primeiras filas. O vocalista dos Cubo queixa-se que o escriba, localizado à sua frente, é demasiado alto e não o deixa ver o palco. 1 metro e 80, caro amigo, que tal procurar outro lugar?

A noite seguiu depois dos concertos, com o Clinic a abarrotar. Com mais música, muita dança, algumas conversas para encerrar o dia, os votos de Bom Natal. No dia seguinte abriram-se as prendas, mas a gift maior havia já sido entregue.

by Pedro Figueiredo
in ruadebaixo.com - 2005-12

The Gift :: AM-FM

The Gift
O diário de bordo de uma semana com a banda de Alcobaça

A Ruadebaixo.com passou pouco mais de uma semana na companhia de uma das mais activas bandas nacionais do momento. O diário de bordo encontra-se aqui...

Poucas bandas portuguesas lograram alcançar o estatuto alcançado pelos The Gift. Com quatro discos de originais editados («Digital Atmosphere», «Vinyl», «Film» e «AM-FM»), a banda de Alcobaça é, actualmente, uma das mais dinâmicas forças musicais de Portugal. Depois da edição, em Novembro passado, do último «AM-FM», têm andado em digressão por todo o país, fazendo de 2005 um ano verdadeiramente prendado para todos os interessados em ver ao vivo a banda de Sónia Tavares e Nuno Gonçalves.

Concertos. Autógrafos. Festas. Sessões de DJ. Entrevistas. Ensaios. Mais concertos. Tudo isto faz parte da vida de uma banda, e foi este lado que nos fez acompanhar os The Gift ao longo de sensivelmente 10 dias, entre o concerto integrado no Festival Super Bock Super Rock (SBSR), no dia 28 de Maio, e a data dupla na Aula Magna de Lisboa, a 8 e 9 de Junho.

Primeira etapa: 29 de Maio de 2005
Actuação no Festival Super Bock Super Rock
De tarde, descobrem o recinto, dão autógrafos nos stands do Blitz e da Antena 3, poupam energias para a actuação da noite. Nuno Gonçalves passeia-se com uma t-shirt dos Norte-Americanos The Strokes. Influências para um futuro registo?
De noite, o concerto. O timing da actuação dos The Gift não era fácil: entalados no palco Quinta dos Portugueses entre as actuações no palco principal dos New Order e de Moby, a banda arranca a sua actuação ao som de «Music», faixa incluída no último «AM-FM». Em pouco mais de meia hora conseguem mostrar algumas canções do novo registo, recordando somente «Question of Love» de tempos passados. Promovem, ainda, o concerto agendado para dia 9 de Junho na Aula Magna. “Sabendo nós de antemão que as bandas do palco secundário tocariam pouco tempo - avança Nuno Gonçalves – creio que o concerto correu bem, apresentámos parte do nosso espectáculo. Os festivais são mesmo assim, com limitações de tempo”, remata o compositor maior dos The Gift.

Segunda etapa: 2 de Junho de 2005
Showcase na Fnac Cascaishopping
O que é, verdadeiramente, um showcase? Na prática, não é mais do que uma pequena amostra, com recursos materiais reduzidos, do que pode, em dimensões maiores, ser um concerto de determinada banda. E este showcase em Cascais serviu, uma vez mais, para promover o tão aguardado espectáculo na Aula Magna. Tocam-se temas novos, recupera-se, de novo, «Question of Love», termina-se com a faixa escondida de «AM-FM», por sinal uma das mais belas canções dos quatro de Alcobaça: «Fácil de Entender». Depois, autografam-se mais discos, tiram-se fotografias com os fãs, promove-se a marca The Gift. E o concerto de dia 9 alí tão perto...


Terceira etapa: 7 de Junho de 2005
Sessão de autógrafos na Vodafone Action Store, no Parque das Nações
Uma banda, é certo e sabido, não vive exclusivamente de concertos e discos. Vive também de promoção, divulgação, contacto com os fãs. Alguns dias antes desta terceira etapa, soube-se que havia sido anunciado o dia 8 de Junho como data extra para actuação na Aula Magna. Dose dupla em vista. Nesta sessão de autógrafos realizada na Vodafone Action Store, no Parque das Nações, oferecem-se bilhetes para o concerto de dia 8, tiram-se fotografias através de novos modelos de telefone, autografam-se discos, posters, t-shirts. A máquina promocional dos The Gift ao seu mais alto nível. Para Nuno Gonçalves, o facto de “o Estado não comparticipar concertos, espectáculos, etc, obriga-nos das duas uma: ou a pedir cachets muito elevados por concerto ou a procurar parceiros estratégicos. A marca The Gift é muito forte e é nosso desejo percorrer todo o país, desde cidades como Lisboa e Porto até vilas e aldeias, daí a necessidade de uma boa promoção”.


Quarta etapa: 8 de Junho de 2005
Actuação na Aula Magna da Universidade de Lisboa – Dia 1
Foi com a Aula Magna não totalmente esgotada que os The Gift arrancaram a sua data dupla na capital portuguesa ao som de «I am AM», habitual começo dos concertos da «Vodafone AM-FM Tour». Como de costume, o prato forte do concerto foi o disco editado em finais do ano passado, com pontuais passagens pelo repertório passado da banda de Alcobaça. Marcada poucos dias antes, esta data extra acaba por ficar aquém das expectativas a nível de público, cenário que, contudo, não desmoraliza a banda, que partiu para um concerto profissionalíssimo. Sem os inconvenientes que é tocar num festival, como a limitação de tempo, os The Gift mostraram verdadeiramente o seu espectáculo, a sua força, o seu dinamismo de palco. Convenceram, num espectáculo que terá servido, porventura, de balão de ensaio para o dia seguinte. Esse dia era dia 9, o dia verdadeiramente reservado para os fãs, que há muito aguardavam este concerto...


Quinta etapa: 8 de Junho de 2005
DJ-Set de Nuno Gonçalves no Lux
Depois do bem sucedido concerto na Aula Magna, a noite estava ainda longe de acabar para Nuno Gonçalves. Nessa noite, os Norton celebravam na discoteca Lux o lançamento do disco «Frames – Remixes and Versions», compilação com remisturas de diversos nomes de renome da música portuguesa, incluindo os Loto, Kubik e In Her Space. «Swirling Sound – Something to Dance With...!», remisturado por Nuno Gonçalves, foi o single de apresentação do disco. Após uma curta actuação da banda, o membro dos Gift tomou de assalto os pratos do Lux e brindou a assistência com uma sessão por onde passaram os Blur, Frank Sinatra ou Kylie Minogue. Momentos de relativa descontracção para alguém que, em virtude do espaço Clinic, em Alcobaça, já se encontra rotinado com estas actuações enquanto DJ. “Sempre foi algo que fiz desde pequeno”, nota Nuno Gonçalves sobre o seu trabalho enquanto DJ. “O meu pai tinha uma discoteca e eu gostava de passar música lá, e ultimamente com os Gift e com o Clinic redescobri esse trabalho. É uma diversão, acima de tudo”, remata.


Sexta etapa: 9 de Junho de 2005
Actuação na Aula Magna da Universidade de Lisboa – Dia 2
O grande dia havia chegado. Para a banda, para os fãs, para todos. À quarta canção, Sónia Tavares deixa o alerta: “É para nós uma data muito especial, visto que faz hoje 6 anos desde que pisámos este palco pela primeira vez”. Este foi um dia preparado por todos com muita antecedência. De tarde, o G.I.S (Gift Information System), clube de fãs oficial, acompanhava a produção e as actividades da banda. Por outro lado, o T.G.V. (The Gift Vibration), clube de fãs não-oficial da banda, organizava-se para um dos seus maiores eventos da sua curta história de 6 meses. “Um clube de fãs é, acima de tudo, um grupo de amigos. O convívio é muito importante”, afirma João Loureiro, membro da Direcção do T.G.V. Segundo reforça Tânia Cruz, também da Direcção do clube, “um dos pontos fortes do nosso grupo é mesmo a amizade”. Com mais de 100 membros inscritos, todos os gastos inerentes ao T.G.V. são suportados pela sua Direcção: “somos nós que sustentamos todos os custos do projecto”, remata Tânia Cruz. Para este concerto na Aula Magna, reuniram mais de 30 membros que, ao longo da tarde, foram pintando faixas de incentivo à banda no relvado da Alameda da Universidade de Lisboa.
O G.I.S, ao contrário do T.G.V., tem o apoio financeiro da banda. Dirigido por Vanessa Rôla e Vanessa Braz, o clube existe há já 6 anos, caracterizando-se pelas diversas regalias existentes para os seus membros. “A maior das vantagens dos sócios é a possibilidade de assistir a um concerto anual exclusivo para fãs, de carácter intimista. O último foi realizado no Clinic, em Alcobaça”, afirma Vanessa Braz. Hoje em dia, o G.I.S encontra-se suspenso, estando para breve agendado o regresso às actividades com uma e-zine regular. Quanto às “Vanessas” (assim apelidadas pela banda), tratam de toda a organização do site oficial da banda, alojado em
www.thegift.pt, para além de prestarem auxílio humano em momentos diversos. O dia de hoje é um desses exemplos.

De noite, o concerto. O alinhamento do espectáculo agradou a (quase) todos. Relativamente mais extenso que a noite anterior, apresentou algumas surpresas, como «Butterfly» ou «Actress (AM-FM)», músicas de «Film». De fora, ficaram ainda assim alguns temas ensaiados de tarde, casos de «Concret» ou «My Lovely Mirror». “Correu bastante bem”, começa por dizer, no final, um bem disposto Nuno Gonçalves, que conclui: “comparando com o concerto de há 6 anos, há que ter em consideração que nada se repete. Hoje em dia somos uma banda muito menos inocente, e mais abrangente artisticamente”. Provando que hoje, mais do que nunca, os The Gift continuam a ser uma banda à frente da concorrência, no final do espectáculo foi comercializado um CD com o registo áudio do concerto que havia terminado poucos minutos antes. Algo feito no estrangeiro por bandas como os Pixies ou os Einstürzende Neubauten, por exemplo.

Para o comum espectador, é complicado entender toda a dinâmica inerente à vida de uma banda. Ao escolhermos os The Gift para este projecto, pretendemos mostrar como se vive nos bastidores de uma banda, tudo isto numa semana de elevada intensidade, resultante do regresso à mítica Aula Magna de Lisboa. Quem quiser encontrar-se com um dos mais interessantes espectáculos musicais que percorrem Portugal é favor estar atento à digressão dos The Gift. Um dia destes, numa cidade, vila ou aldeia perto de si...

Nota: Todas as fotografias são da responsabilidade de Pedro Figueiredo

by Pedro Figueiredo
in ruadebaixo.com - 2005-06

The Gift :: AM-FM...Concerto Coliseu

The Gift em mais de duas horas de concerto
Emoção no Coliseu de Lisboa

Há muito que os The Gift cativaram os amantes da música. No regresso ao Coliseu de Lisboa, a banda de Alcobaça deixou-se abraçar pela pouca mais de meia casa que acorreu à sala lisboeta. Ao ponto de, no ‘encore’, ter tocado numa ‘passarelle’ que saía do palco e entrava pelo amontoado de fãs. E, aí, desfilou música com emoção.

Um verdadeiro momento de comunhão, que terminou com ‘Five Minutes of Everything’, ‘My Lovely Mirror’ e ‘So Free’. Para trás, ficavam mais de duas horas de concerto, com uma “carga emocional muito grande”.
No regresso ao Coliseu, depois de em 2001 ali ter encerrado a ‘Film Tour’, a Melhor Banda Portuguesa da MTV mostrou que está cada vez mais adulta. Sempre segura em palco e com bastante atenção aos meios cénicos. Ao contrário de há cinco anos, os The Gift ainda só vão a meio do acto, já que a digressão ‘AM-FM’ só termina lá para Outubro. No Coliseu, numa data que terminou a ‘irmandade’ com os Deluxe (banda espanhola que tem feito as primeiras partes), o grupo contou com dois convidados especiais, “amigos de longa data”, como frisaram. Pedro Oliveira (ex-Sétima Legião e hoje nos Cindy Kat) e Rodrigo Leão subiram ao palco para participar em dois temas.
Num ambiente que alternou entre a intimidade e os sons mais dançantes, o público rendeu-se ao som de ‘Music’, o momento alto da noite, e continuou a entoar a canção na transição para o ‘encore’.
Este foi, mais uma vez, um casamento bem conseguido, ao qual só faltou mesmo mais público.

João Tavares
in Correio da Manhã - 2006-04-23

The Gift :: AM-FM...Concerto Coliseu

The Gift
Uma noite de celebração

The Gift regressam hoje ao Coliseu de Lisboa para realizar um espectáculo “com uma carga emocional muito grande” e que consideram ser o mais importante da digressão que já os levou a Espanha e ao Brasil...

Correio da Manhã – Qual o significado deste regresso ao Coliseu?
Nuno Gonçalves – Para nós, é a sala mais emblemática de Portugal. Não é maior em termos de público, mas tem um significado especial; já terminámos lá uma digressão e este regresso é como que uma celebração de ano e meio de estrada. Vai ser uma noite de celebração, com uma carga emocional muito grande.

– No vosso ‘site’ escrevem que esta será a noite mais importante da digressão. Como estão a preparar o espectáculo?
– Com cuidados especiais. Queremos que todo o espectáculo vá de encontro aos ambientes das canções do ‘AM FM’, mesmo em termos cénicos. Posso dizer que haverá ocasiões especiais em que os The Gift vão ser grandes e épicos e outras em que seremos o oposto. E vamos estar também como que na sala de todos, vamos viajar até ao encontro das pessoas. É uma parte mais íntima e muito importante do espectáculo.

– Que vai ter convidados...
– Sim, são amigos. Há quatro anos foi o Fausto, num ‘casamento’ que ninguém pensaria possível. Desta vez serão dois amigos de longa data... mas não vou revelar quem.

– E em termos de alinhamento? Não vão resumir-se ao ‘AM-FM’...
– Não, claro. Não somos uma banda de fretes e vamos aproveitar para estrear temas novos. Queremos um Coliseu repleto de motivação e estamos a preparar tudo ao detalhe. Estamos super-preparados.

– O facto de terem sido eleitos a melhor banda portuguesa de 2005 pela MTV não coloca pressão acrescida no grupo?
– Nada. Estamos tal e qual como se não tivéssemos ganho. Foi muito bom, especial é claro, mas a vida continua. Foi uma missão cumprida, o culminar de um ano e tal de concertos, de uma aposta num disco arriscado, duplo. Para dizer a verdade, ficámos mais libertos para continuar a arriscar. Dá-nos um grande gozo.

– Como tem decorrido a digressão, que já chegou a Espanha e ao Brasil, inclusive?
– Estamos na estrada há ano e meio e continuaremos até Setembro, Outubro. Só em Portugal fazemos 150 datas. Depois, porque o disco já foi lançado em Espanha, começámos a tocar lá com mais assiduidade. No Brasil correu muito bem. Fomos lá antes do Carnaval. Foram dez dias intensos e descobrimos um mercado que nos entendeu, que tinha uma ideia de um Portugal mais cinzento e que ficou agradado com a nova frescura musical.

Luís F. Silva
in Correio da Manhã - 2006-04-21

The Gift :: AM-FM...Concerto para fãs

Música: Banda dá concerto intimista no seu bar, em Alcobaça
The Gift só para fãs

Os elementos do clube oficial de fãs da banda alcobacense The Gift foram presenteados com um concerto muito especial, à porta fechada, que decorreu num ambiente intimista e de grande emoção.

Foi na noite de sexta-feira, no bar Clinic, com uma assistência limitada – por razões de segurança – a 160 dos mais de 400 que se inscreveram na internet.
Os fãs já se habituaram a assistir, uma vez por ano, a um concerto exclusivo, diferente dos habituais, com um alinhamento especial, pensado de propósito para a ocasião e constituído por temas dos vários álbuns editados pela banda.
De regresso à sua terra natal, o grupo cumpriu, assim, a tradição e deu o primeiro concerto deste ano. O próximo será no sábado, 28, em Óbidos, e terá uma característica muito especial: vai ser o mais pequeno do Mundo, com uma assistência limitada a dez casais escolhidos num passatempo organizado pela Rádio Comercial.
Depois, os The Gift partem para uma digressão por Espanha, onde têm “muitos” concertos marcados.
Antes da edição do sucessor de ‘AM/FM’, o grupo apresentar-se-á ainda no Brasil e na Alemanha, em Junho. Os concertos são, aliás, a grande aposta deste ano, pois o novo disco só sairá em 2007.
“Achamos que o último álbum ainda não teve o seu término, tem muito para dar, é um disco duplo, com muitas músicas”, adiantou ao CM Sónia Tavares, a vocalista, frisando que “ainda há muita gente que não conhece os The Gift e nós ainda temos muito para dar”. Por isso, acrescentou, vão “continuar com a odisseia”, a “missão” de mostrar a sua música.
A atribuição do Prémio MTV para o Melhor Grupo Português, acompanhada por milhares de telespectadores, veio, segundo a cantora, dar “muito visibilidade” e um “prestígio muito grande” à banda. “Foi um acontecimento único, só ao alcance dos mais conceituados”, declarou. Todavia, o grupo não pensa voltar ao palco do Pavilhão Atlântico (onde se realizou a cerimónia), pois prefere sítios mais pequenos e acolhedores, em que as pessoas se sintam “em casa”.

Isabel Jordão, em Leiria
in Correio da Manhã - 2006-01-23

The Gift :: AM-FM...Site

Apresentada nova página virtual
The Gift mudam site a pensar nos fãs

Os fãs dos The Gift vão ter acesso a informação privilegiada, fotos dos bastidores dos concertos e a ficheiros MP3, através do novo ‘site’ do grupo na internet, apresentado sexta-feira à noite, em Alcobaça. O novo espaço virtual ainda não está disponível devido “a problemas com o servidor”, mas tudo aponta para que a situação fique normalizada nos próximos dias, garantiu ontem Vanessa Braz, uma das responsáveis pelas mudanças gráficas.

Nessa altura, acedendo pelo mesmo endereço do ‘site’ provisório (www.thegift.pt), os cibernautas vão encontrar um espaço inteiramente renovado e reforçado nos conteúdos. Além da discografia, da possibilidade de visualizar os vídeos de promoção e ficar a par das últimas notícias relacionadas com a banda, os visitantes podem também saber a data dos próximos concertos e o preço dos bilhetes.Os fãs terão acesso a uma zona específica, desde que se registem no site, havendo ainda uma ‘sala’ exclusiva para a imprensa. Disponível em português e inglês, o espaço integra ainda uma loja on-line, com venda de discos e outros produtos com a chancela da banda.

Francisco Pedro (Leiria)
in Correio da Manhã

The Gift :: AM-FM... Entrevista

AINDA HÁ GENTE QUE NÃO PERCEBE O QUE FAZEMOS

Eles têm dois amores: um é íntimo, outro é extrovertido. Assim se define ‘AM/FM’, o novo álbum dos Gift que esta noite é apresentado no Teatro S. Luiz, em Lisboa. Sónia Tavares e John Gonçalves falam das novas motivações e do que (não) mudou.

Correio da Manhã – Dizem que este disco abre um novo ciclo na vida dos Gift. O que é que isso quer dizer?
John Gonçalves – Quer dizer que, apesar de os elementos do grupo serem os mesmo, a estética mudou. A banda evoluiu. Não renegamos aquilo que fizemos no álbum anterior (’Film’), mas achámos que era necessário abrir um novo ciclo a todos os níveis: de espectáculo, de discurso, de estética, de conceito...

– Nos álbuns anteriores os Gift denunciavam uma clara obsessão pela perfeição. Neste trabalho parecem mais obcecados com a arrumação. Sentiram necessidade de organizar as ideias?
J.G. – Acho que este disco é muito arquitectónico na sua forma, mas depois no conteúdo já não é tão perfeito. Os anteriores eram mais limpos, mais polidos. Este disco está muito bem organizado, no sentido em que está bem definido o que é cada uma das coisas, mas depois, no conteúdo intrinseco a cada um deles, está mais sujo e mais (positivamente) imperfeito.
Sónia Tavares – É engraçado falar nisto, porque este trabalho também pode ser entendido como um desarrumar de ideias. É um álbum mais heterogéneo. Para sermos justos, secalhar até devíamos ter separado estas canções em mais do que dois discos. É verdade que assumimos dois rumos diferentes, mas dentro de cada um destes discos ainda estão mais coisas por desarrumar e arrumar.

– E um disco é ‘audível’ sem o outro?
S.T. – Não. Estes dois discos estão arrumados por ideias: um é mais íntimo e o outro é mais extrovertido e espontâneo. Isso quer dizer que o íntimo não consegue viver sem o outro lado porque o lado melancólico, de estar em casa a ouvir de ‘ti para ti’ não faz sentido sem o de ‘ti para os outros’. Ninguém passa a vida em casa sozinho, da mesma forma que ninguém passa a vida na rua a socializar.Tem de haver as duas partes.

– É, portanto, uma alegoria à própria vida, porque há sempre o outro lado das coisas...
J.G. – Extactamente. Aliás, se a tecnologia o permitisse, gostávamos era de ter lançado um disco com dois lados. Mas ainda ninguém inventou esse sistema [risos].

– Como é que os Gift se sentem chegados a este terceiro disco, como autores, compositores e intérpretes?
J.G. – A palavra certa é evoluídos. Estamos muito mais evoluídos na contenção e naquilo que são os nossos objectivos estéticos, nas letras e por aí fora. No ‘Film’ tinha-se falado muito na maturidade e na afirmação. Agora, acho que podemos falar em evolução que quer dizer que continuamos empenhados em provar que isto não é uma coisa passageira.

– Essa evolução é sinónimo de descontracção?
J.G. – Não se essa descontracção for sinónimo de preguiça.
S.T. – Há sempre aquelas pressões que nos impomos a nós próprios, mas, desta vez, aconteceu-nos uma coisa engraçada: sobrou-nos tempo. Houve uma altura em que fomos dez dias para Madrid e, no último, quando demos por nós, estávamos livres às quatro da tarde [risos].

– E tanto tempo juntos não gera discórdias?
J.G. – Claro que sim. Zangamo-nos muito, mas também focamos muito.
S.T. – Geralmente as discussões passam rápido porque todos nós sabemos que é isto que queremos fazer e que não vale a pena alimentar discórdias. Houve alturas em que uns estavam mais com o pé na terra e outros com o pé no barco, mas as coisas foram sempre ultrapassadas.

– Nestes dois últimos anos andaram em digressões constantes pelos EUA. Quem é o vosso público lá fora?
J.G. – Fundamentalmente, é um público culto no sentido artístico do termo e que está muito bem informado do que é música europeia...

– ... Uma minoria portanto!
J.G. – Nem por isso, embora reconheça que os grandes centros urbanos estão mais abertos para ouvir os Gift. E, depois, as rádios universitárias também passam muito a nossa música.

– Hoje dá-vos algum gozo especial olhar para as pessoas que, no início, não acreditavam no grupo?
J.G. – Não. Hoje somos amigos de todos eles. Na altura, houve muita gente distraída, mas, se calhar, ainda bem. A nível de editoras, por exemplo, nenhuma nos pode dar aquilo que nos damos a nós próprios.
S.T. – O mais curioso é que ainda há muita gente que não percebe aquilo que andamos a fazer...

PERFIL
Quando, em 1997, os Gift começaram, por sua própria iniciativa, a organizar concertos e a vender discos à porta das salas de espectáculos, muitos não quiseram sequer dar-se ao trabalho de pensar que o grupo, num formato inédito para o mercado português, até poderia funcionar. Contra tudo e todos, Nuno e John Gonçalves, Sónia Tavares e Miguel Ribeiro, fundaram o La Folie Records e fizeram eles mesmos o que ninguém os queria ajudar a fazer. E ainda bem. ‘Digital Atmosphere’, ‘Vinyl’, ‘Film’ e, agora, ‘AM/FM’ falam por si.

Miguel Azevedo
in Correio da Manhã - 2004-12-06