Saturday, October 14, 2006

The Gift :: AM-FM... Entrevista

Entrevista aos The Gift: Magníficos Dias

Os portugueses The Gift apresentam-se em Lisboa com duas datas programadas para a Aula Magna. Nos dias 8 e 9 de Junho a banda recria o último disco de originais, «AM-FM», ao mesmo tempo que revisita um passado muito presente na carreira do grupo. Em declarações ao Diário Digital, o compositor incontestável da banda, Nuno Gonçalves, traçou expectativas, concedeu pormenores e adiantou o quão importante será esta dupla data para a carreira dos The Gift.

Os The Gift constituem um dos projectos com mais personalidade a nível nacional. Concebem directrizes, traçam planos, são eficazes musicalmente e não se lhes reconhece outra coisa que não muito talento.

O álbum «AM-FM» constituí o último marco discográfico da banda. Com um período de mercado bastante confortável, é chegada a hora de o apresentar a uma sala com um significado especial. Para trás fica um espectáculo fugaz no Festival Super Bock Super Rock. «Tudo o que fizéssemos parece que deixaríamos água na boca, porque era realmente pouco tempo. Mas aceitamos tocar por alguma razão. Porque na verdade quem somos nós para opinar sobre as políticas desse festival? Fomos propostos a tocar e aceitamos as regras».

Nuno Gonçalves passa a incidir sobre os espectáculos preparados para a sala alfacinha. «Devido à grandiosidade da sala e toda a história que temos com aquela sala, merece ser tratada com muito carinho, respeito e muito profissionalismo».

O passado relata seis anos de separação entre a estreia dos The Gift na Aula Magna e um regresso sempre saudado e ansiado pela banda. «Existe também aquela ideia que as bandas devem vestir- se de gala para estas ocasiões. É um bocado senso comum. É um espectáculo um bocado diferente, baseado no «AM-FM», mas sabemos que num concerto destes não nos podemos só basear num disco da banda. Vamos tentar reformular um certo passado da banda. Tornar o passado dos The Gift um pouco mais ao que somos hoje em dia, com um formato de banda em palco. São quatro músicos dos The Gift mais um baterista para tentar vestir da melhor maneira as canções dos The Gift».

O compositor dos The Gift não renega a importância da sala na carreira da banda e indica mesmo que «seria mentira se dissesse que não difere nada! (risos) A Aula Magna é uma sala onde eu, enquanto consumidor de música, me habituei a ver grandes concertos, de momentos mágicos e inesquecíveis. Enquanto músico em palco é minha missão, quase obrigação, fazer o mesmo às pessoas que estão à frente do palco. Costumo dizer que quando se entra na Aula Magna é como se fosse o último concerto da nossa vida. E nas últimas vezes que temos lá tocado quase sempre tem sido esse o espírito».

Existe um senso de auto- reponsabilização nas palavras do músico, que não foge ao seu peso semântico, indicando ainda outros pontos do país que contextualizam a carreira da banda. «Existem algumas cidades do país que foram quase madrinhas para nós como é o caso de Castelo Branco (muito amor) ou Leiria (onde apresentamos a maior parte das vezes as novas canções)».

A digressão nacional está já agendada. A continuação natural dos espectáculos para a Aula Magna conhece um novo recorde na carreira da banda. «Por uma questão de gestão da voz da Sónia não tocamos mais do que três/quatro vezes de seguida. Neste momento vamos ultrapassar o nosso recorde de datas ultrapassando a centena de espectáculos».

Estão programadas 110 datas, ultrapassando as cerca de 90 do ano anterior, e para Outubro a banda pretende incidir as suas forças sobre o mercado vizinho com uma mini-digressão de cinco datas por terras espanholas. Mas existem igualmente outras novidades que fazem ponte entre os concertos da Aula Magna e uma certa internacionalização. «O concerto da Aula Magna tem alguns contornos especiais. Vêm algumas pessoas de fora para ver os The Gift. Norte-americanos e ingleses. Também não quer dizer nada, mas pode querer dizer alguma coisa. Pode revelar da parte deles um interesse em descobrir quem são os The Gift portugueses. Porque os The Gift ingleses ou norte- americanos, que tocam em palcos pequeninos, já conhecem eles. O facto de poderem vir ver o fenómeno, de poderem ver os The Gift no seu habitat deverá ser interessante para nós e um sinal de que poderá haver espaço para nós lá fora».

Nuno Gonçalves coloca de lado a hipótese de uma espécie de prova de fogo até porque «todos os músicos têm dias maus. Mas é importante nesta altura da carreira existir um estímulo exterior».

Pedro Trigueiro
06-06-2005 in Disco Digital