Thursday, November 23, 2006

The Gift :: AM-FM...Concerto Alcobaça

Disco já vendeu 10 mil cópias
The Gift: digressão portuguesa de AM+FM começou no Cine-Teatro de Alcobaça


Após terem lançado o duplo CD AM+FM em Londres, Los Angeles e Nova Iorque, as capitais da indústria discográfica mundial, os Gift escolheram Alcobaça para a estreia da sua digressão nacional. O regresso a casa teve lugar nos dias 3 e 4 de Dezembro no renovado Cine-Teatro de Alcobaça, pequeno demais para acolher todos os fãs que desejaram ver ao vivo uma das bandas mais bem sucedidas do pop português. The Gift estiveram iguais a si próprios e, após 5 dias de lançamento, ocupavam já o Top das lojas FNAC e Valentim de Carvalho esgotando a primeira edição de 10 mil cópias, correspondendo a Disco de Prata..

AM+FM dá um maior destaque à voz de Sónia Tavares e o papel principal assumido pela vocalista dos Gift foi bem notório neste concerto. Guess Why e Wake Up, cantadas com os músicos separados do público por uma tela translúcida deram um tom introspectivo ao início do concerto. O resto do espectáculo desenrolou-se em crescendo com I Am Am, Are you Near?, Wall Paper, Wake Up, 1977, Elisa, Bonita e Guess Why do disco AM e Driving you Slow, 11:33, Cube, Music, An Answer, Pure, You know e Red Light de FM. Question of Love, So Free (3 acts) e Front of foram as únicas canções dos álbuns anteriores, Vynil e Film, cantadas nesta noite

No final, Nuno Gonçalves referiu ao Tinta Fresca não estar surpreendido com o êxito inicial do CD porque sabia que o público fiel aos Gift iria responder a curto prazo, não só com os discos, mas também acorrendo aos concertos de Alcobaça, Lisboa e Porto, todos eles com lotação esgotada. AM é o disco mais íntimo do duplo CD e FM o disco com músicas mais extrovertidas. Uma estratégia que não se destina a públicos diferentes, antes são "duas faces da mesma moeda, não deixando de ser um disco dos Gift. Houve dois estilos que se demarcaram aquando da composição e que era importante dividi-los à nascença, mas ambos são representativos da sonoridade dos Gift", esclareceu o músico.



A estreia no estrangeiro foi "uma coincidência pensada", segundo o teclista da banda: "Sabíamos que o disco iria sair a meio de Novembro e já tínhamos uma data previamente marcada para Londres. Além disso, tinham o desejo de dois vídeo-artistas, um de Nova Iorque e outro de Los Angeles, de fazerem um vídeo com os Gift. A isto juntou-se a possibilidade de fazermos a primeira parte de um grupo de jazz no clube do BB King. Assim, decidimos fazer 4 concertos em 9 dias em Londres, Nova Iorque e Los Angeles, as três capitais da indústria musical. Apresentámos e entregámos em mão o disco às pessoas da indústria e agora esperamos que os e-mails cheguem e que as pessoas se tenham identificado com o disco".

O músico adianta que, tal como em Film, o grupo gravou também com orquestra de cordas em Londres, mas quis transportar para palco um espectáculo mais simplificado em termos de pessoas, mas mais evoluído e mais difícil de montar em termos de tecnologia. A palavra sincronização está presente neste espectáculo harmonizando música, luz e som e o público pôde sentir esse profissionalismo em palco, aliás, uma imagem de marca dos Gift desde a primeira hora. A própria parede de legos que produziu em palco um jogo de luzes muito contemporâneo veio da Alemanha, uma aposta dos Gift no sentido de dar um passo em frente em termos cénicos nos concertos em Portugal.

Durante quase dois anos, os Gift quase se eclipsaram dos palcos nacionais. Nuno Gonçalves explica que, de 2001 a 2002, a banda efectuou uma digressão de cerca de ano e meio com base no CD "Film" e a partir daí lançaram-se à conquista do mercado internacional. O disco saiu também em Espanha, País onde fizeram cerca de 40 concertos, voltando depois aos Estados Unidos para fazerem digressões na Costa Leste e na Costa Oeste. Além disso, estiveram em Milão a gravar um espectáculo para a MTV.

"Até Janeiro de 2004 nunca estivemos parados. A partir daí é que parámos um pouco para compor o disco que é um trabalho não visível. Nós achamos que os ciclos fazem sentido. Se nunca parássemos, não se notava a evolução dos Gift e o regresso não teria tanto impacto. Nós achamos que os Gift são uma banda de ciclos", refere o músico.
Esta digressão distingue-se por começar em casa e não em Lisboa ou Porto, como é habitual. E se esta estreia é uma honra para a cidade de Alcobaça, os Gift consideram ser também uma honra para o próprio grupo, que faz questão de manter as suas raízes.

Este é o lançamento mais pensado dos Gift e o que está a dar melhores resultados: "Sentimos que estamos a ter um impacto na imprensa que pensamos ser merecido, o que prova também que os Gift já não são só uma esperança, mas uma confirmação. Existem ainda lacunas em termos de divulgação, temos a música nos anúncios dos telemóveis, nas televisões e na Antena 3, mas há rádios que teimam em não passar as nossas músicas e embora isso nos chateie um pouco achamos que há outras formas de promover a nossa música. Antes das privatizações era difícil passar tudo o que era novo em termos culturais na televisão, mas hoje em dia já se vêem programas de Cultura nos canais privados. A Cultura está na moda o que é muito bom", considera Nuno Gonçalves.

O mais novo dos irmãos Gonçalves elogia a programação do recém-inaugurado Cine-Teatro de Alcobaça para o último trimestre de 2004, mas alerta que não há ainda nada programado para 2005. Nuno apela à autarquia para colocar à frente deste espaço bons programadores que conheçam o tipo de público que há em Alcobaça, ao mesmo tempo que se regozija por o público estar a responder afirmativamente. Com efeito, até esta data, todos os espectáculo esgotaram, à excepção de um, "o que prova que a actual equipa tem sucesso", defende.

O músico elogia ainda as condições do Cine-Teatro e reconhece que os Gift não depararam com qualquer limitação em termos de palco. Na sua opinião, o único senão da sala é o reduzido número de lugares para os espectadores, apenas 330. A culpa é do pequeno auditório do 2º piso que "rouba uns preciosos 70 ou 80 lugares que dariam para acolher as pessoas que hoje não conseguiram bilhete para este concerto". Para estes, a opção pode passar pela televisão, pois os concertos de Alcobaça foram gravados e vão passar antes do Natal na SIC Notícias e na SIC Radical.

Mário Lopes
in tintafresca.net - 09-12-2004