The Gift: digressão portuguesa de AM+FM começou no Cine-Teatro de Alcobaça


No final, Nuno Gonçalves referiu ao Tinta Fresca não estar surpreendido com o êxito inicial do CD porque sabia que o público fiel aos Gift iria responder a curto prazo, não só com os discos, mas também acorrendo aos concertos de Alcobaça, Lisboa e Porto, todos eles com lotação esgotada. AM é o disco mais íntimo do duplo CD e FM o disco com músicas mais extrovertidas. Uma estratégia que não se destina a públicos diferentes, antes são "duas faces da mesma moeda, não deixando de ser um disco dos Gift. Houve dois estilos que se demarcaram aquando da composição e que era importante dividi-los à nascença, mas ambos são representativos da sonoridade dos Gift", esclareceu o músico.

A estreia no estrangeiro foi "uma coincidência pensada", segundo o teclista da banda: "Sabíamos que o disco iria sair a meio de Novembro e já tínhamos uma data previamente marcada para Londres. Além disso, tinham o desejo de dois vídeo-artistas, um de Nova Iorque e outro de Los Angeles, de fazerem um vídeo com os Gift. A isto juntou-se a possibilidade de fazermos a primeira parte de um grupo de jazz no clube do BB King. Assim, decidimos fazer 4 concertos em 9 dias em Londres, Nova Iorque e Los Angeles, as três capitais da indústria musical. Apresentámos e entregámos em mão o disco às pessoas da indústria e agora esperamos que os e-mails cheguem e que as pessoas se tenham identificado com o disco".
O músico adianta que, tal como em Film, o grupo gravou também com orquestra de cordas em Londres, mas quis transportar para palco um espectáculo mais simplificado em termos de pessoas, mas mais evoluído e mais difícil de montar em termos de tecnologia. A palavra sincronização está presente neste espectáculo harmonizando música, luz e som e o público pôde sentir esse profissionalismo em palco, aliás, uma imagem de marca dos Gift desde a primeira hora. A própria parede de legos que produziu em palco um jogo de luzes muito contemporâneo veio da Alemanha, uma aposta dos Gift no sentido de dar um passo em frente em termos cénicos nos concertos em Portugal.

"Até Janeiro de 2004 nunca estivemos parados. A partir daí é que parámos um pouco para compor o disco que é um trabalho não visível. Nós achamos que os ciclos fazem sentido. Se nunca parássemos, não se notava a evolução dos Gift e o regresso não teria tanto impacto. Nós achamos que os Gift são uma banda de ciclos", refere o músico.
Esta digressão distingue-se por começar em casa e não em Lisboa ou Porto, como é habitual. E se esta estreia é uma honra para a cidade de Alcobaça, os Gift consideram ser também uma honra para o próprio grupo, que faz questão de manter as suas raízes.

O mais novo dos irmãos Gonçalves elogia a programação do recém-inaugurado Cine-Teatro de Alcobaça para o último trimestre de 2004, mas alerta que não há ainda nada programado para 2005. Nuno apela à autarquia para colocar à frente deste espaço bons programadores que conheçam o tipo de público que há em Alcobaça, ao mesmo tempo que se regozija por o público estar a responder afirmativamente. Com efeito, até esta data, todos os espectáculo esgotaram, à excepção de um, "o que prova que a actual equipa tem sucesso", defende.

Mário Lopes
in tintafresca.net - 09-12-2004